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"Fome Zero" foi deturpado e mal copiado

Por Ruy Sant’Anna (*) | 04/02/2013 09:16

A TV Globo no Globo Rural de domingo, mostrou o resultado das chuvas no Piauí. Lá os campos, lagoas, açudes, cisternas estão cheios de água. O pasto está renascendo. Os sertanejos que ficaram ainda mais pobres com o gado que morreu, por ter de comprar água para sua subsistência e da família, por enquanto não terá mais essa despesa. Também o jornal A Folha de São Paulo deu idêntica notícia, sobre o estado do Piauí.

Alguém pode achar que, então o problema do Nordeste está resolvido? Não, essa questão da chuva é muito localizada e na maioria dos estados nordestinos a seca ainda castiga. E segundo técnicos, aqueles estados devem levar, pelo menos, 10 anos para recuperar suas lavouras e rebanhos.

O que foi mostrado sobre o sofrimento do piauiense é que com a morte de seu reduzido rebanho caprino e bovino, o governo distribuiu aproximadamente uns dois quilos de sementes de milho, para cada proprietário, plantar. Um dos beneficiados mostrou à reportagem a quantidade de sementes.

Caramba, é assim que o governo federal diz para o mundo que erradicou a miséria no Brasil? Não resolve problemas e amplia o assistencialismo através de novos bolsistas.

Pior é que é exatamente isso que o governo tem feito durante as viagens da presidente pela Europa, EUA e países aqui da América do Sul. Deprimente demagogia.

Ao invés de um Programa abrangente às reais necessidades do sofrido sertanejo, o governo manda uns poucos quilos de sementes de milho (dois a três quilos),

O que a presidente nem Lula nunca comentou é que o “Fome Zero” é uma cópia de um Programa americano. Com uma fundamental diferença: no Brasil os participantes do programa ficam amarrados ao compromisso de seguir regras impostas aos pobres e miseráveis sem receber qualificação, nem emprego.

Aqui, o governo busca aumentar ainda mais o assistencialismo financeiro e desamparo à autoestima de quem fica amarrado a compromissos e às bolsas qualquer coisa. O governo parece não ter interesse no trabalho deles. Prefere tê-los atrelados às contas governamentais, e aos votos da próxima eleição.

Com isso, os bolsistas acabam preferindo a comida no prato, com receio de tentar um emprego, não dar certo e ficar sem a comida e desempregado. Claro, sem qualificação a situação fica bem mais difícil...

Assim, o subemprego só aumenta.

Alguém pode estar tranquilo ao receber do governo federal a “suplementação”mensal de R$ 2,00 (dois reais) para deixar de ser miserável? Como aconteceu no fim de 2012 com o “Brasil Carinhoso”?

O governo federal somou esses R$ 2,00 aos que tem renda familiar de R$ 70,00 (setenta reais), porque “tecnicamente” essas famílias são miseráveis. Então, na cabeça do governo, com mais R$ 2,00 (dois reais) elas saem da miséria. Quanta bondade...

O bom seria que o governo federal aderisse ao modelo americano copiado e deturpado aqui.

Originalmente, o modelo americano tem o apelido de workfare, que, em tradução livre, significa caminho para o trabalho.

Aqui já sabemos que o objetivo é totalmente oposto: o governo federal quer a subordinação das pessoas às bolsas que são aumentadas, com a autoestima apequenada.

Pelo menos o governo estadual de Mato Grosso do Sul tem aumentado as ofertas de qualificação, com abertura de novas frentes de trabalho. E os cursos disponíveis foram pesquisados para atender às necessidades das empresas, e melhoria de vida dos trabalhadores.

O Brasil vive à espera de chuvas para evitar apagões e/ou despesas com energia à carvão ou diesel. Soma-se à essa dependência de chuvas o alívio momentâneo da seca que mata animais e humilha pessoas.

Deus parece ser o nosso Presidente, porque è a Ele que os industriais, agropecuaristas, comerciantes e a população em geral agradecem, não por causa de Programas Abrangentes do governo, mas pelas chuvas benfazejas que o Senhor Criador nos manda.

Claro que algum dia o governo federal deve acordar para essas realidades e há de corrigi-las. Com essa esperança é que me junto aos fortes sertanejos e corajosos brasileiros em geral e lhes dou bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna é jornalista e advogado

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