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“Los antojos” da Rosaria

Por Heitor Freire (*) | 14/04/2014 09:00

Antojo, em espanhol, é pressentir, achar, dar na telha, desejar, etc. Em português tem o mesmo sentido. Pode ser também premonição: sensação ou advertência antecipada do que vai acontecer, sinônimo de pressentimento. É circunstância ou fato que deve ser tomado como aviso; presságio. Para usar um termo mais atual é um “insight”, ou no popular, uma sacada.

A minha mulher, Rosaria, tem um sexto sentido que funciona de uma forma espetacular. Ela vive achando isto, achando aquilo e os seus “achismos” funcionam mesmo. Sou testemunha ocular e presente desses antojos há mais de cinquenta anos.

Como nós somos oriundos da fronteira com o Paraguai temos em nosso linguajar rotineiro o uso de expressões em guarani e em espanhol. Daí o costume da Rosaria de usar o antojo. Ela é uma pessoa que tem uma qualidade muito rara: é dotada de bom senso.

Aprendi com ela que ser sensato e fazer o correto juízo das coisas é dificílimo. Ela não se dá a extremos, não segue fórmulas preestabelecidas e não se impressiona com qualquer novidade. E alia a isso um sentimento de solidariedade para com todos, sem nunca cair no apiedamento.

Outra qualidade que impressiona é o seu senso de proporção: como profissional na arte de preparar mamadeiras – fazendo uma conta aproximada: multiplicando sete filhas por seis mamadeiras cada uma, nos três primeiros meses, a partir daí três por dia, até os cinco anos, deve ter preparado mais de 70.000 mamadeiras –, o que desenvolveu a sua capacidade de medir os ingredientes no olho, sem usar qualquer tipo de medida. E que ela aproveita em todas as suas atividades.

Outra qualidade é o cuidado para não desperdiçar nada, ela aproveita tudo: a água que usa na máquina de lavar roupa é reaproveitada mais duas vezes; por último, serve para lavar o quintal. Ela também coloca baldes para recolher água das chuvas para depois molhar as plantas. O seu mentor atua diretamente em expediente contínuo de 24 horas por 365 dias ao ano.

Dá consultoria permanente para as nossas filhas sobre os mais variados assuntos. Desde dicas de corte e costura, receitas de cozinha, cuidados médicos, finanças, conselhos matrimoniais, plantão 24 horas e recreação dos netos, uns toques aqui e ali na educação dos pequenos, consultoria para fantasias de carnaval, etiqueta de como receber bem, e por aí vai.

Nossas filhas sempre que levam as crianças ao pediatra, pedem uma segunda opinião à Rosaria, e com muita frequência, acabam seguindo o que a mãe diz, dispensando a opinião do “doutor”.Outra observação minha: as meninas nunca dizem que vão para a casa do papai, é sempre da mamãe, o que é um indicador da influência e da liderança que exerce sobre elas.

Agora, é braba. Se não fosse pela brabeza, entendo que chegaria às raias da perfeição. Ainda bem que eu sou paraguaio e, como tal, sei lidar com as mulheres e entendo que a brabeza é um recurso usado quando o simples latim não surte efeito. Mas comigo não. Mulher boa é mulher firme.

Além de tudo isso, Rosaria é linda! Sempre se mantém firme e elegante, de um jeito simples e inteligente (acho que herdou isso da minha sogra, que era uma mulher impecável). Ah, Rosaria tem também uma capacidade de trabalho como poucas. É a minha grande admiração, meu amor. Sou o eterno fã de carteirinha dessa morena.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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