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A Al Qaeda deixou de ser uma ameaça?

Por Fábio Coutinho de Andrade (*) | 08/05/2011 07:00

Em seu pronunciamento após a morte de Osama Bin Laden, cujo nome real é Usama Bin Laden, o presidente dos EUA, o Democrata Barack Obama, afirmou que “o povo americano não escolheu essa luta. Ela chegou ao nosso território e começou com o assassinato sem sentido dos nossos cidadãos”.

O presidente referiu-se ao ataque terrorista perpetrado pela rede terrorista chefiada por Bin Laden, a Al Qaeda, que traduz-se por “O Alicerce” ou “A base”, no dia 11 de Setembro de 2001, no qual as torres gêmeas do World Trade Center foram derruídas, tragédia essa acompanhada mundo afora com assombro.

O ataque perpetrado naquele fatídico 11 de Setembro foi escolhido pelos terroristas por vários motivos: pela importância do World Trade Center, então a construção mais alta dos EUA; pela sua localização, no bairro mais nobre de Nova Iorque, Manhattan, que possui o metro quadrado mais caro do mundo; e, por ser a mais concreta, palpável expressão do sistema capitalista apregoado pelos Estados Unidos aos outros países. Importância simbólica, paga com o sangue de 11 mil cidadãos.

A localização e a morte de Bin Laden dão um certo conforto espiritual para um país que nunca havia sofrido um ataque terrorista dessa magnitude em seu próprio território. Foi exposta a fragilidade de uma superpotência, que dita as regras do mercado mundial e abre e fecha suas fronteiras e o comércio internacional conforme seus interesses.

Tamanha fragilidade fez o mundo questionar sobre a solidez desse país e sobre os princípios que estão em sua base, que são tão criticados por algumas nações, especialmente as comunistas.

O que se quer afirmar é que apesar da vitória de Barack Obama contra a rede terrorista Al Qaeda, apesar da captura e morte de Bin Laden e apesar de ter feito comandado uma excelente estratégia de guerra e com isso garantido, possivelmente, a sua reeleição, o terrorismo e as redes que o fomentam estão longe de serem extirpadas.

A Al Qaeda possui “franquias” pelo mundo todo, não estando adstrita a um poder central. Essa fragmentação deu-se, em grande parte, após o atentado de 11 de Setembro.

Esses grupos são descentralizados, não dependentes de uma única hierarquia, o que lhes confere grande poder de infiltração, aliado ao fato de que as decisões para realizarem atentados podem ser tomadas por seus próprios membros. Assim, combater esse inimigo é quase impossível, pois à medida que seus membros ou supostos comandantes são eliminados, logo surgem outros para substituí-los.

A captura dos líderes pode desestruturar o grupo, que logo vê-se envolto em crises internas de poder, o que pode contribuir para que sejam criados grupos dissidentes dessa mesma organização, o que não deixa de ser uma ameaça maior ainda, pois que geralmente adotam outras diretrizes e princípios, por vezes ainda mais truculentos do que as do antigo líder ou comandante.

A vitória desse ser vista com parcimônia, como muito bem percebido pelo presidente dos EUA, Barack Obama, que manteve uma linha de conduta muito elogiável, pois qualquer atitude impensada, nesse momento, pode acarretar um ataque sem precedentes, não só aos EUA, mas em outros países, em um revanchismo religioso, além de poder contribuir para fazer de Bin Laden um mártir, o que seria um risco maior do que se ele estivesse vivo.

Obama já alertou as autoridades americanas para ficarem atentas a possíveis ataques. Essa guerra não é mais uma guerra com um lócus determinado, mas uma guerra global, que requer a união e a coalizão, principalmente, dos grandes líderes mundiais, pois muita coisa vai depender do que for agora decidido em âmbito internacional. E talvez o Brasil não fique fora disso.

(*) Fábio Coutinho de Andrade é advogado, especialista em Direito Penal e Processual Penal.

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