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A atualidade dos biocombustíveis

Por Luiz Vicente Gentil* | 20/01/2012 13:34

Os combustíveis positivos são aqueles que, tendo menor preço, geram desenvolvimento socioeconômico e têm uma combustão ambientalmente correta; os negativos são os que jogam elevados níveis de dióxido de carbono na atmosfera, produzem resíduos sólidos e podem ter alto preço. Esses últimos são, em sua maioria, orginados a partir dos fósseis, como carvão mineral, petróleo e gás natural.

Não só na Europa existe um movimento ambiental acentuado, devido ao antigo e elevado grau de poluição ambiental, como também no Japão e Estados Unidos, por seus elevados e relativamente antigos graus de industrialização baseado nos fósseis. A América Latina está fora dessa experiência devido ao seu grande território verde, a menor industrialização e a fartura de terras aptas a gerar energia, além de alimentos produzidos para o chamado mundo desenvolvido. O Brasil é o paraíso dos biocombustíveis, apesar da pesada propaganda enganosa e internacional para denegrir nossa imagem de celeiro mundial e fornecedor de etanol e biodiesel para o planeta.

Nosso país está crescendo rápido e muito bem em biocombustíveis, não só pelos baixos preços, elevada qualidade, mas também porque possui um parque agroindustrial preparado para os desafios que nos aparecem todo dia. Entre os exemplo mais importantes, podemos citar o etanol, biodiesel, lenha plantada e carvão vegetal, briquetes de madeira e resíduos lignocelulósicos em geral. Além destes energéticos, sobressai-se a eletricidade gerada com bagaço de cana e resíduos florestais, que podem suprir até 15% de toda a demanda anual nacional de 540 Terawatt-hora (Twh) de eletricidade. Trata-se de um colosso de biocombustíveis ainda morto e inaproveitado por falta de um Marco Regulatório do Governo Federal, omisso nesta área da matriz energética brasileira.

As vantagens competitivas dos energéticos verdes ou ambientais, como se queira, são a zero emissão de CO2, o desenvolvimento de novas regiões do Brasil com emprego e renda, principalmente nas zonas rurais das novas fronteiras, levando progresso gerado pela força da agricultura e dos agricultores. Hoje em dia, o agronegócio é a grande mola geradora de empregos, como no caso da cana, que sozinha mantêm 1,5 milhões de empregos diretos apenas no setor primário da produção. Estão sendo plantados oito milhões de hectares em 2012, um progresso social que outros governos não podem fazer, pois não dispõem de terras baratas, férteis, elevada qualidade topográfica, sol generoso e quente para a realização da fotossintese, clima constante, temperaturas amenas para a produção, assim como infraestruturas já preparadas em eletrificação, estradas, armazenamento e financiamentos.

O Balanço Energético Brasileiro revela que, nas últimas décadas, a demanda por combustíveis fósseis vem caindo, na medida que a oferta e demanda pelos energéticos ambientalmente corretos ganham espaço, ajudando a limpar a matriz do Brasil. É um cenário positivo, onde até a Petrobras, que trabalha com o petróleo em condição de monopólio, já tem um projeto junto a maior usina do Brasil, no estado de goiás, que entrará em operação a partir de 2014, moendo nada menos que oito milhões de toneladas de cana por ano sobre uma área de 100 mil hectares.

Na medida que Europa, Ásia e África não tem as condições agrícolas do Brasil, nossas possibilidades se tornam ilimitadas para ofertar combustíveis verdes a uma crescente demanda interna, sem contar o abastecimento dos mercados internacionais ávidos pelos nosso biocombustível. Nem mesmo os Estados Unidos mantêm a mesma possibilidade, pois já provaram sua pouca competitividade na produção de etanol a partir do milho, um produto alimentar politicamente incorreto e subsidiado pelo governo americano para gerar combustível. Os ventos da economia mundial mostram que o Brasil tem tudo para dar conta da oferta de alimentos, biocombustíveis e energéticos veiculares e industriais ambientalmente corretos e economicamente competitivos.

(*) Luiz Vicente Gentil é doutor em Ciências Florestais, mestre em Engenharia Agrícola pela Universidade de São Paulo (USP), engenheiro agrônomo pela Unversidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professor adjunto da Faculdade de Agronomia da Universidade de Brasília.

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