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A criança que ronca

Saramira Bohadana | 21/03/2012 06:38

Ronco é o ruído produzido pela passagem do ar contra as paredes estreitas e/ou obstruídas da via aérea. Essa obstrução pode ocorrer em qualquer local, desde o nariz até a laringe. Na criança, o principal motivo é o aumento da adenóide e/ou das amigdalas palatinas. Esses órgãos são formados por tecido linfóide, ou seja, constituem a primeira linha de defesa na via aérea infantil.

A adenóide localiza-se na rinofaringe, a parte posterior do nariz. A hipertrofia da adenóide promove o bloqueio da fossa nasal, consequentemente, a criança desenvolve respiração bucal e roncos. Essa alteração também pode ser responsável pelas rinosinusites de repetição em crianças, devido à dificuldade de aeração do nariz e dos seios da face.

A hipertrofia das amigdalas palatinas pode ocorrer concomitante à da adenóide ou vir isolada. Nesses casos, a criança também ronca e desenvolve a respiração bucal. É notório também a alteração na ressonância da fala. A voz fica abafada e anasalada.

A criança que tem rinite alérgica parece ter maior predisposição para a hipertrofia adenoamigdaliana e nesses caso, o quadro se apresenta muito pior, pois constantemente tem coriza e secreção nasal.

Alguns estudos já demosntraram uma relação direta entre a obstrução nasal e o aparecimento do calos de cordas vocais. Muito comum em meninos e meninas em idade pré-escolar. O calo de cordas vocais tende a desaparecer nos meninos na puberdade, enquanto que nas meninas tende a permanecer, principalmente naquelas que também têm obstrução nasal.

A criança respiradora bucal pode desenvolver alterações no crescimento crânio-facial irreversíveis, assimetria da maxila e mandíbula com alteração na conformação do palato e na arcada dentária; e alteração do sono, tornando-se mais superficial e muitas vezes com apnéias e paradas respiratórias.

É importante ressaltar que o sono deficiente e a dificuldade respiratória levam à alterações no crecimento e desenvolvimento da criança.

Por todos esses fatores, é essencial que o diagnóstico e tratamento correto seja feito o mais precoce possível, para evitar conseqüências irreversíveis no futuro. Atualmente sabemos que o adulto magro que ronca e tem apnéia, pode ter sido uma criança obstruída que não foi tratada prococemente.

(*)Saramira Bohadana é médica otorrinolaringologista, especialista em casos de crianças com problemas respiratórios, colaboradora do ambulatório infantil de laringologia e voz do Hospital das Clínicas de São Paulo http://www.laringocenter.com.br

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