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A culpa da educação

Por Silas Fauzi (*) | 25/08/2011 09:00

Outro dia vi um desses programas sensacionalistas que passam no final da tarde e que estava falando sobre o aumento da criminalidade entre os jovens menores de idade, principalmente no envolvimento com o tráfico de drogas e suas consequências (consumo/dependência e crimes, como assaltos a assassinatos).

Para debater o assunto chamaram um magistrado que, no alto de sua sabedoria empírica falava que o grande problema pelo qual a nossa juventude está passando é “culpa” da educação ou a falta dela. Num primeiro momento, seguindo o instinto do senso comum, podemos até concordar com sua grande descoberta, mas parando um pouco para refletir, chego a conclusão de que essa é mais uma responsabilidade que a família e o próprio estado transfere para a educação.

Sabemos todos, e todos vociferam isso, de que a educação é a solução de tudo, mas do jeito que as coisas são colocadas parece que a educação tem uma varinha de condão para solucionar as principais mazelas que nos afligem socialmente ou de que a falta dela é que tem deixado a nossa sociedade cada vez pior.

Acredito que, além de educação de qualidade e com vertente para a cidadania e honestidade oferecida pelo Estado, ela também deve ser refletida e aprimorada no sei familiar. Mas ainda não é tudo, haja vista que várias famílias, no ímpeto de lutar pela sobrevivência de seus membros, acabam não tendo estrutura para transferir o mínimo de conceitos éticos e morais aos seus entes.

O que deve acontecer de fato é um interesse maior por parte do poder público para que insiram em suas pautas governamentais programas que incluam a parte da sociedade mais vulnerável em políticas públicas de inclusão social e até mesmo de recuperação para aqueles que se envolveram em crimes ainda na juventude. Em bairros mais populosos e sem infraestrutura nenhuma, como Cidade de Deus, Dom Antonio, Lageado, Los Angeles e outros, quais as ações sociais de inclusão oferecidas aos jovens de forma sistemática?

Infraestrutura como Posto de Saúde e escola tão somente não valem se não tiver uma política de infraestrutura social e permanente. Ou seja, o que precisa é alternativa ao mundo do crime. Sairia muito mais barato e menos oneroso politicamente se o Estado, ao invés de usar seu braço forte, usasse o seu braço terno. Isso não é assistencialismo e nem utopia, mas sim política pública verdadeira e de inclusão social.

(*) Silas Fauzi é professor de história e filosofia e militante de movimentos sociais.

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