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A dualidade de um país chamado Brasil

Por Fábio Coutinho de Andrade (*) | 28/01/2012 15:53

Certo ou errado, perfeito ou imperfeito, bom ou ruim, juízos de valor que não traduzem a realidade em si.

Pode ser a realidade para uma pessoa, em um dado momento, mas não é uma verdade imutável, pois a todo momento modificamos nossos conceitos e opiniões.

O que é certo para mim hoje pode não ser amanhã. A única coisa constante é a mudança, já diziam os gregos.

A própria sociedade e o mundo se modificam: descobertas tecnológicas, avanços na medicina, acordos de paz nos fazem ter novas perspectivas.

Países outrora inimigos firmam aliança de paz e economias desabrocham face ao admirável mundo novo.

E nesse cenário sempre irão surgir forças dominantes, movimento esse natural. Não raro, serão eles a ditar alguns valores e tendências, que serão seguidos ou não, conforme seja sua força de imposição ou de sanção (como nos embargos financeiros).

Assim, muitas vezes, somos guiados por decisões que não nos representam legitimamente, mas não nos contrapomos, pois os interesses em jogo desbordam dos limites de nossa pequena luta existencial.

E vamos sonhando em melhorar de vida, em ter um futuro melhor, em ver nossos filhos crescerem em meio a novos valores, em um mundo não-belicoso.

Os políticos e líderes carismáticos usam isso artificiosamente, sabedores de que conceder condições aos cidadãos é torná-los livres, capazes de escolher o seu caminho e, por conseguinte, o de seu país.

Nesse espeque, o investimento em educação, em saúde, no bem-estar geral é escasso, pois isso refoge aos interesses maiores dos senhores do poder. Querem manter o povo ali, no cabresto, para melhor guiá-lo quando for o momento oportuno.

E o povo, mesmo de apercebendo disso, é conivente, afinal se a farinha é pouca, querem garantir logo o seu pirão. Mas não percebem que a mudança deve partir de cada um, de cada cidadão, de cada rua, bairro e cidade desse país.

Somente assim poderemos ter esperanças de um futuro melhor, onde todos desfrutem verdadeiramente das condições a que têm direito, constitucionalmente asseguradas.

Não devemos assistir a tudo passionalmente, mas devemos ter voz ativa. Isso é nosso direito legítimo enquanto cidadãos componentes do Estado brasileiro. Estamos inseridos politicamente em um locus determinado e somos capazes de influenciar uma mudança positiva.

Tantos são os exemplos de pessoas comuns que, com idealismo e perseverança, levam à frente um projeto nobre que, algum tempo depois, vê desabrochar e render seus frutos.

Devemos ser a mudança que queremos ver. Isso começa dentro de casa, no núcleo familiar, onde os valores morais são construídos e elaborados. Passa, depois, pela educação formal e pelas instituições sociais, que formam a base do caráter do cidadão.

Sem essa base, sem essas referências, o homem torna-se avesso a esses valores, pois não se vê inserido nesse sistema.

É preciso que repensemos o futuro dessa Nação, tão grandiosa, mas tão esquecida pelo Poder Público.

(*) Fábio Coutinho de Andrade é advogado, especialista em Direito Penal e Processual Penal.

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