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A escola como espaço de vivência da dimensão política

Por Ana Carolina Marchetti Rodrigues e Marina Sabaine Cippola (*) | 30/09/2016 16:30

Pensar em diferentes formas de vivência da dimensão política no espaço escolar constitui terreno fértil para se pensar também nas situações vividas no contexto social, histórico e cultural, e discutir alternativas e soluções possíveis para tais situações.

A compreensão sobre política considera aspectos que a constituem como uma ciência que abrange a bem governança de um Estado, comunidade, escola, família, e pode ser ampliada como um espaço para negociação e compartilhamento dos interesses relativos à coletividade. Neste cenário, estão envolvidas discussões de temas sociais e econômicos conectados às áreas da educação, saúde, segurança, meio ambiente, cultura, habitação, entre outros.

No espaço escolar, tais discussões podem potencializar a vivência do diálogo, a reflexão sobre como as sociedades se organizam, considerando o contexto sócio-histórico, e inspirar reflexões e negociações sobre aquilo que se vive no cotidiano escolar, o qual também se constitui como um espaço de convivência coletiva.

A competência política deve ser vista como a capacidade do sujeito de se apropriar, construir e mobilizar saberes em prol de atitudes e valores diante de diferentes sujeitos e contextos, com o objetivo de ampliar a visão sobre a governança dos povos, a participação coletiva em processos decisórios, promovendo o bem comum, tendo a perspectiva de direitos e deveres.

O cunho central da discussão é levar o estudante a pensar sobre a comunidade, promovendo o convívio e o respeito como pontos em comum no currículo escolar. A dimensão política se faz necessária desde a mais tenra idade, incentivando o olhar atento ao seu entorno, os cuidados com as relações e ambientes, o desenvolvimento de noções de partilha e respeito mútuo.

Proporcionar o envolvimento e garantir a participação política de crianças e adolescentes nos cenários públicos é respeitar seus direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no Capítulo II, artigos 15 e 16, o qual prevê que “a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”, bem como possui o direito de “ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; à opinião e expressão e participação da vida política, na forma da lei”.

Desenvolver a competência política é transformar informação, colocar o sujeito em processo de formação e discussão, refletir e assumir posicionamentos, trabalhar com o conhecimento que abrange os campos científico, estético, ético, afetivo.

A vivência da dimensão política possibilita o exercício da cidadania, utilizando como ferramentas a promoção de debates críticos para formação da consciência de sujeitos que olham para os arredores, fazem leituras sobre o mundo, a vida em comunidade, o bem comum, comunicam saberes comprometidos e engajados de forma ética.

A política pode acender o sentido social da educação, acolhendo a voz dos estudantes a fim de serem compreendidos. Desse modo haverá a possibilidade do conhecimento se tornar instrumento de liberdade, com poder de convivência entre as pessoas e transformação social.

(*) Ana Carolina Marchetti Rodrigues e Marina Sabaine Cippola são pedagogas pela Unesp, pós-graduadas em psicopegagogia clínica e professoras do Colégio Marista Champagnat de Ribeirão Preto.

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