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A escola que faz inclusão

Nívea Maria de Carvalho Fabrício (*) | 22/04/2012 13:44

Temos constantemente verificado a dificuldade enfrentada por famílias na busca da escola que acolha seu filho com necessidade de atendimento diferenciado.

Educação para todos, aceitação das diferenças, combate ao bullying são alguns dos temas que envolvem o processo de escolarização dos alunos com necessidades especiais. Muitas escolas se disponibilizaram a atender crianças e adolescentes com desenvolvimento atípico. Mas, o quanto estão sendo eficazes?

Citando um trecho da Declaração de Salamanca (documento elaborado pela UNESCO em 1994): “O princípio fundamental da escola inclusiva consiste em que todas as pessoas devem aprender juntas, onde quer que isto seja possível, não importam quais as dificuldades ou diferenças que elas possam ter...”

Mas, depois de receber alunos de diversos perfis de desenvolvimento, como é possível incluí-los efetivamente no processo de escolarização? Para garantir que um trabalho pedagógico propicie a aprendizagem de todo o grupo, significa que nem todo o planejamento pedagógico será o mesmo. E viabilizar a aplicação de diferentes planejamentos em uma mesma sala de aula é um grande desafio para as escolas, mas esta é a única opção para a instituição que pretende incluir e contemplar a diversidade.

A escola que faz a inclusão de alunos especiais precisa reconhecer e responder às necessidades diferentes de seus alunos, garantindo que todos tenham educação de qualidade, com currículos apropriados, mudanças organizacionais e estratégias de ensino específicas. A educação inclusiva está distante do que seria ideal, porém, é necessário reconhecer que a busca por um excelente trabalho de inclusão é desafio diário de muitos educadores.

A escola tem que dar conta da formação global do aluno, desenvolvendo suas habilidades e competências. Portanto, a escola que se diz inclusiva só terá uma atuação eficaz à medida que estiver pronta para o trabalho com todos seus alunos, independente do desenvolvimento emocional, físico, cognitivo e/ou psíquico estar ou não de acordo com o esperado para faixa etária. A escola tem que estar capacitada e disponível para tratar com a diversidade e estar atenta a algumas questões fundamentais. O que trabalhar; como trabalhar; como avaliar os resultados e quais os objetivos a serem atingidos com cada um dos alunos.

Grande parte das escolas “tradicionais” é estruturada inicialmente a partir da premissa de que todos os seus alunos aprendem da mesma forma, em um mesmo ritmo. Para essas escolas fazerem a inclusão, é necessário um sistema adaptado, profissionais capacitados e uma comunidade escolar disponível para o trato com a diversidade.

Os estudantes necessitam ser vistos de acordo com sua singularidade, suas possibilidades. Necessitam de uma equipe estruturada para ajudá-los no desenvolvimento das questões cognitivas e sócio-afetivas, ou seja, no desenvolvimento de suas competências. Antigamente, o aluno que não acompanhava o ritmo pré-estabelecido a partir de um padrão único, ou por questões estruturais ou de ordem psicossocial, era simplesmente excluído da educação formal e a questão do mau desempenho era problema do aluno. Ele era o “mau aluno”.

Hoje, essa visão mudou. As propostas educacionais preveem a necessidade de incluir este aluno que não se adapta ao padrão linear de ensino. Políticas governamentais, propostas pedagógicas e teorias de educação apontam nesta direção: a educação deve contemplar a todos. Os educadores e a escola trabalham com o objetivo de desenvolver um projeto pedagógico e educacional que atinja a todos os seus alunos.

Mas para que as escolas possam criar um plano pedagógico e educacional “inclusivo” é necessário o conhecimento destes estudantes como indivíduos. Alunos com “dificuldades de aprendizagem” necessitam ser olhados, ter suas características identificadas, devem ser conhecidos para que se possa atuar com eles de maneira adequada e incluí-los no processo de escolarização a que têm direito.

Estas ideias se aplicam não apenas às crianças com algum transtorno definido, mas também às crianças e adolescentes que não conseguem desenvolver-se no processo acadêmico, apresentando dificuldades para aprender, questões comportamentais ou ambas associadas. Acreditamos que para atender à singularidade de cada indivíduo, existe a necessidade de um trabalho que tenha uma abrangência ampla. Entendemos que o problema de aprendizagem é parte de um indivíduo que precisa ser considerado em sua totalidade. Ou seja, precisamos de uma equipe interdisciplinar, com diferentes olhares para uma compreensão global.

No entanto, é preciso ir além da descoberta de problemas, faltas, dificuldades ou impossibilidades. Devemos descobrir habilidades em potencial, apontar possibilidades e outros aspectos construtivos, que certamente existem em todas as pessoas. E, desta forma, descobrir as estratégias adequadas a cada um dos alunos e apontar caminhos adequados à sua formação.

(*) Nívea Maria de Carvalho Fabrício é autora do livro Singularidade na Inclusão, psicóloga, psicopedagoga, ex-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP) e Diretora pedagógica do Colégio Graphein, em São Paulo, que trabalha com a educação de alunos que não se adaptam às escolas regulares.

Informações à imprensa:

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