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Política

A farra salarial parlamentar

Por Julio César Cardoso (*) | 18/12/2010 11:00

Infelizmente, o eleitor brasileiro é o principal responsável pelo baixo nível de seriedade parlamentar porque vota em qualquer um.

E o resultado negativo, todos conhecem: Congresso Nacional conspurcado de imorais e incompetentes políticos (Sarney, Maluf, Jáder Barbalho etc.); de fichas sujas; de cabideiros de emprego; de oportunistas em busca das glórias do poder; de fisiologistas; de trambiqueiros travestidos de colarinho branco, dando prejuízos a esta nação de fortes contrastes sociais.

Por outro lado, São Paulo ainda peca ao eleger, com quase 500 mil votos, Paulo Maluf, e o oportunista Tiririca, com votação expressiva, cujo "palhaço" deve ser mais honesto que a maioria dos atuais congressistas.

Este país padece por não ter um Parlamento sério. Quanto se gasta em vão para manter a despesa (pública) política, que seria mais bem empregada se fosse aplicada no social? Ser político no Brasil é uma grande dádiva caída do céu. É um bilhete premiado.

Quem entra não quer mais sair: médico, advogado, empresário, funcionário público (em desvio de função) etc. Tiririca disse, com a sabedoria de sua irônica ingenuidade, que teve muita sorte em entrar para a política. E indagado acerca do seu primeiro projeto (político), ele foi autêntico: comprar um apartamento.

Para manter os gastos públicos, da máquina "brasiliana" do Planalto, o Brasil tem hoje uma dívida interna que oscila na faixa de 1,600 trilhão de reais. Há parlamentar que não sabe o que isto representa de endividamento público. Se realmente soubesse, não estaria aplaudindo os reajustes imorais dos parlamentares, ministros de Estado, vice e presidente da República, com reflexo nos aumentos em cascata dos poderes políticos estaduais e municipais.

Se o deputado federal Abelardo Camarinha (PSB-SP) não faz do Parlamento cabide de emprego, por que contribuiu votando favoravelmente para receber reajuste superior às demais categorias de trabalhadores brasileiros? Onde estão a sua seriedade e de outros parlamentares, que defendem reajuste salarial em causa própria no Congresso, em detrimento dos demais brasileiros, que não são bafejados por essa sorte?

Embora os nossos parlamentares diretamente não metam a mão nos cofres do erário, indiretamente se locupletam de benesses públicas, por exemplo, reajustando elevadamente os seus próprios salários do dia para a noite.

Nenhum trabalhador brasileiro pode concordar com essa orgia salarial, arbitrada pelos senhores congressistas, ou seja, elevando o nível salarial da grande elite política a R$26.723,13, pago pelos contribuintes com reajustes que variam entre 61,83%, 133,96%, 148,63%. Os senhores parlamentares não têm vergonha dos contribuintes nacionais, dos miseráveis sem teto, dos desempregados etc.?

Por que o deputado Camarinha não contribui para moralizar os salários públicos - sem faixa extravagante de R$26.723,13, bem como para estabelecer índice de reajuste salarial igual para todas as categorias públicas?

Causa perplexidade, tédio e revolta assistir à fleuma desses pulhas políticos, que não demonstram nenhum sentimento com a austeridade dos gastos públicos, e ainda riem de nossa cara, no Parlamento, como o deputado Camarinha fez ao desdenhar a atitude de alguns de seus pares, que se manifestaram contra o inflado reajuste, em plenário da Câmara.

Agora, a PEC 300, que significa dignidade salarial justa aos policiais brasileiros, os senhores oportunistas políticos não aprovam. Que falsidade farisaica é essa!

O deputado Abelardo Camarinha deveria conhecer, para rever os seus conceitos de políticas públicas, como procede o parlamento sueco com os gastos de seus políticos. Na Suécia não existe o esbanjamento do dinheiro público. Lá existe, sim, respeito ao dinheiro do contribuinte.

(*) Julio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado.

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