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A Farsa das Eleições

Vladimir Polízio Júnior (*) | 04/09/2012 07:54

Sempre fui, e sou, entusiasta da democracia; ainda que repleta de defeitos, não me parece ter surgido ainda outra ideia sequer razoável a substituí-la. Lembro-me de acompanhar atentamente, ainda jovem, o início da abertura política nos anos 80 do século passado, o retorno dos exilados, o fim do bipartidarismo etc. “O Brasil nunca mais será o mesmo”, ouvíamos nas conversas dos mais velhos.

Muita coisa aconteceu, é verdade, mas as mudanças foram globais, e não apenas no nosso país. O fim da “guerra fria”, a queda do muro de Berlim, o fim do apartheid na África do Sul, o surgimento da internet e do telefone celular eram inimagináveis naqueles anos 80. Com relação aos políticos, havia uma esperança geral na nova geração. Nada disso aconteceu, contudo.

Mais legendas surgiram, mas salvo as sempre raras exceções, os novos postulantes a cargos públicos sempre representaram mais do mesmo que havia. Nenhuma inovação significativa: uns defendem maior participação do Estado na economia objetivando os cargos administrativos que surgirão com isso, e não o interesse público; outros apregoam a privatização das empresas estatais abruptamente apenas para que grupos econômicos aliados possam estender seus tentáculos em áreas estratégicas, pouco importando se isso trará benefícios à população.

As repetidas pesquisas de opinião sobre a confiança nos políticos, do legislativo ou do executivo, revelam descrença na classe. Casos de corrupção, como o do mensalão, em julgamento pelo Supremo, ou dos 13º, 14º e 15º salários de alguns corroboram bastante para que os que trabalham e pagam impostos não nos sintamos representados adequadamente. Será que o voto universal e obrigatório é democrático ou apenas instrumento para a mantença da letargia nas administrações públicas? Francamente, não sei.

O despreparo dos que querem nosso voto é quase regra geral, e a grande maioria somente enxerga a política como forma de ascensão social. Enquanto isso, a grande massa que sofre pelas mazelas das más administrações, que depende da saúde e educação públicas, veste camisas de candidatos, lota comícios e defende pessoas na ânsia de dias melhores, ou ao menos “de um carguinho” no próximo governo. Dia desses uma mulher, com 20 anos, aparentando mais de 30, solteira e com 4 filhos, sem vários dentes, conversou comigo e pediu voto para seus candidatos, os únicos capazes de “mudar a cidade”. Duvido que mudem.

(*) Vladimir Polízio Júnior é defensor público

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