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A ferrovia e os distritos de Itahum e Picadinha

Por José Tibiriçá Martins Ferreira (*) | 17/06/2011 10:31

Muito se fala sobre o ramal férreo que é promessa de passar por Dourados há mais de 50 anos, desde a época em que já existia o ramal que começava na Estação InduBrasil até chegar a Ponta Porã.

Procurando informações nos arquivos da NOB vai se encontrar vários projetos, visto que por volta de 1958 fizeram um levantamento para construção de um ramal, partindo de Itahum, passando pela Picadinha, tendo como destino Dourados e já diziam que chegaria em algum lugar no Estado do Paraná, na época eu tinha sete anos e sou testemunha do fato.

É tão real que meu pai em 1952 projetou o loteamento da Cidade Leonópolis, no Distrito de Picadinha, em homenagem a Luiz Antonio Leão de quem ele adquiriu a área. O loteamento foi aprovado em 21 de maio de 1952 pelo então Prefeito de Dourados, Dr. Nelson de Araújo onde existe até o traçado passando o ramal da NOB, cujo mapa original pode ser encontrado no arquivo municipal da Prefeitura Municipal de Dourados.

O Distrito de Picadinha que foi criado em 1958 é o único que não tem o seu perímetro urbano demarcado, assunto que comentei com o Presidente da Câmara Municipal de Dourados, professor Idenor Machado. Estamos trabalhando para conseguir verba para asfaltar o acesso a Picadinha, cuja reivindicação vem desde 1986, pois dentre os oito distritos é o único que ainda não possui seu aceso asfaltado.

Em setembro de 1989 foi implantado em Picadinha o segundo loteamento rural, quando projetamos e vendemos várias chácaras rurais ao lado da rodovia, denominadas de Duque de Caxias, com a Rua Abílio Ferreira. Agora estamos projetando outro loteamento denominado Mata de Lobos, uma homenagem à freguesia onde meu pai nasceu em Portugal.

Nós estamos fazendo a nossa parte há mais de cinquenta anos, nossa família ali chegou em julho de 1940 e nossa região, principalmente a Picadinha está órfã, politicamente e precisa de muitas benfeitorias.

Agora eu pergunto, qual é o pleito da bancada douradense na defesa, tanto na Assembleia Legislativa e Câmara Federal para fazer valer o interesse da nossa região ao trazer o ramal tão prometido e fazer com que ele passe por nossa cidade?

Imagino que poderia ser aproveitado o traçado antigo, reativando o traçado de Indubrasil, chegando a Ponta Porã, construindo-se um ramal através de Itahum e Picadinha, regiões que mais produzem grãos no Município de Dourados.

Atingiria assentamentos rurais como o Itamarati, onde já existe um pequeno trecho de linha férrea construído para escoar a produção na época de ouro da fazenda de Olacyr de Moraes.

Quanto ao debate da ferrovia, o jogo só está começando, não é tarde ainda, mas temos que tomar cuidado, pois outrora políticos da capital quiseram tirar a nossa faculdade de agronomia que seria instalada em Dourados para implantá-la em Campo Grande. Sabem os senhores quem estava por traz?

O atual terceiro suplente da senadora Maria Joaquina Marisa Serrano, o agrônomo ex-deputado estadual e federal Ruben Figueiró, ex-conselheiro do tribunal de contas, mas nossos valentes e vigilantes deputados Celso Muller do Amaral e José Cerveira não deixaram que tal acontecesse.

O que se vê em nossa cidade atualmente são reuniões onde políticos estão discutindo um assunto para ficarem na mídia, deviam procurar apoio em políticos de peso.

Está na hora de pressionarem aqueles deputados federais da capital que aqui colheram votos como Reinaldo Azambuja, Mandetta, Vander Loubet para se engajarem também neste empreendimento que deve sair do papel, se não na próxima eleição de 2014 voltará ser promessa de campanha novamente.

Precisamos de ações, chega de promessa, pois tem um ditado antigo com este teor: quando a promessa é tanta, até o sando desconfia e nossa população anda desconfiada, principalmente a nível local, por causa do caos em que muitos políticos deixou nossa cidade nas duas últimas administrações passadas.

Que os atuais legisladores trabalhem direito, apresentem boas e novas ideias, aperfeiçoem as leis atuais para o prefeito poder governar e fiscalizem seus atos. As indicações para tapar buracos não é papel do legislativo, papel do executivo, com algumas exceções.

Pergunto: onde está o projeto para construção da ferrovia, por onde ele passará, alguém já viu? Ele deverá ser debatido com a população e entidades interessadas. Será que vai ficar como o projeto da Praça Antonio João, onde gastaram milhões de reais e até agora não vimos a prestação de contas.

As audiências públicas são importantes, mas está na hora de trazer a Dourados alguém ligado a esse setor para explicar com mais clareza e ouvir principalmente a classe produtora que arcará com o ônus no pagamento do transporte.

A associação dos produtores e proprietários da região da Picadinha da qual faço parte, sugere que se utilize o primeiro traçado da década de 50, passando pelo roteiro já acima noticiado. Seria também uma maneira de trazer novamente a prosperidade para a região de Itahum. Naquela época tudo para chegar a Dourados, ali era desembarcado, passando pela Picadinha, quando houve um grande desenvolvimento na região.

(*) José Tibiriçá Martins Ferreira é advogado e produtor rural no Distrito da Picadinha.

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