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A questão da escolha

Por Heitor Freire (*) | 06/08/2014 16:12

Há uma questão que permeia a história da humanidade desde que o ser humano foi criado. E que se constitui na mais intrigante matéria a ser resolvida: “Quem sou eu?”.

Mas essa indagação só aparece realmente após muitas e muitas encarnações, porque inicialmente o ser humano está envolvido com a sua manutenção, alimentação, sobrevivência, continuidade, etc etc.

Mas à medida que começa a sua evolução e que estende o seu olhar para o lado, começa a perceber que há algo além dele. Que a natureza à sua volta tem a sua razão de ser. E começa a se interessar pelo ambiente, pelo seu semelhante, pela sua procriação.

E assim, inicia-se a busca por algo além das aparências, quando as questões básicas estão encaminhadas. E principia o questionamento, a curiosidade é despertada e aí então alguém com uma inteligência acima da média passa a perceber que os seus semelhantes obedecem às suas determinações e tem o ímpeto de liderá-los em benefício próprio. Está pronta a mesa.

O viver em coletividade gerou a disputa. E a ganância. Porque um pensou que era melhor do que o outro. A partir daí começou a inveja e o ciúme. E se instalou a discórdia.

Então o homem por ser o mais forte se impôs à mulher que, sabiamente, soube se colocar à margem, permanecendo aparentemente passiva por muitos milênios. Mas só aparentemente, porque na realidade as mulheres, cedo perceberam que poderiam dominar os homens sem confrontá-los. Usaram e continuam usando os seus encantos.

E assim se passaram milênios.

E os homens que enxergavam um pouco mais do que os outros foram criando mecanismos de domínio e de exploração do seu semelhante. Assim surgiram as nações, religiões e as demais associações congregando pessoas e segregando as que não aceitavam as suas ideias.

E criaram-se os rótulos que distinguiam a todos: raça, origem, nome, nacionalidade, língua, costumes, preferências, etc.

E até hoje todos somos assim identificados: brasileiros, americanos, chineses, japoneses, gregos, russos, ingleses, advogados, engenheiros, médicos, corretores de imóveis, arquitetos, corintianos, flamenguistas, botafoguenses, gremistas, colorados, judeus, palestinos, católicos, protestantes, evangélicos, budistas, brancos, negros, índios, amarelos.

Identificados de forma genérica porque se criou um sistema de igualdade coletiva com a finalidade precípua de evitar a individualidade. E que permanece, o que de certo modo, facilitou a identificação.

Recebemos adjetivos de todas as formas com o objetivo de impedir a substantivação. Porque o substantivo por si só designa a própria substância de um ser. Individualiza.

O que observo é que a humanidade foi sempre tangida como gado. Igual ao capataz que com o seu chicote conduz a boiada para lá ou para cá.

Quando alguns, com coragem de expressar a sua opinião contrariando o status quo manifestavam o seu pensamento, eram condenados à fogueira, à forca, à morte.

Sempre se pensou que eliminando alguém a questão estaria resolvida. Esse grande engano continua gerando no além, quando há o encontro inevitável entre os contendores, um sofrimento sem fim. Sem fim até que sejam resgatados todos os débitos.

Hoje é cada vez mais crescente o número de pessoas que está consciente do seu verdadeiro ser e que não aceita mais ser rotulado de qualquer maneira. A individualidade vai finalmente prevalecer à medida que cada um se libertar dos rótulos que lhe foram impostos. Haverá então a libertação, por intermédio da sua livre escolha.

“Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?” (Lc 12,57).

(*) Heitor Freire, advogado

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