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A Vila Olímpica e o silêncio de alguns

Por Geraldo Resende* | 19/11/2011 14:30

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”

(Martin Luther King)

Ao lembrar a frase do pacifista Martin Luther King, tracei um paralelo com o que acontece hoje com a Vila Olímpica em Dourados. Obra concebida para ser uma alternativa à falta de opções das comunidades que residem nas aldeias locais, inaugurada no último 9 de maio, está até hoje sem funcionamento pela omissão de alguns que no passado posavam de defensores dos indígenas e hoje, no poder, silenciam-se quanto a essa barbárie.

O desinteresse de pessoas que poderiam estar gritando contra o não funcionamento da Vila Olímpica Indígena contrasta com a boa vontade do ex-deputado Fernando Gabeira (PV), que em 2005 participou comigo da Comissão Externa da Câmara que investigou a morte de crianças indígenas por desnutrição.

Naquela ocasião, ao verificarmos uma situação que já era fruto de uma omissão muito grande de segmentos que teriam como principal tarefa trabalhar por melhores condições de vida para os indígenas, resolvemos nos unir para criar um espaço dentro da Reserva que oferecesse alternativas àquela comunidade. Foi aí que surgiu a idéia da Vila Olímpica, que recebeu recursos oriundos de emendas de minha autoria e também do Gabeira.

Para construir a Vila Olímpica, além dos recursos que viabilizamos, foi necessário o compromisso do poder público municipal, expresso em dois convênios assinados entre a Prefeitura e o Ministério do Esporte, nos quais, na cláusula que estabelece as obrigações do contratado, temos o item “m” com o seguinte teor: “compromete-se a zelar pelo correto aproveitamento/funcionamento dos bens resultantes deste Contrato de Repasse, bem como sua manutenção”.

Apesar desse compromisso formal, parece que muitos hoje não se importam com a aflição dos indígenas que aguardam, com ansiedade, a ativação da Vila Olímpica Indígena. Parece que os atuais silentes também não se indignam com o fato de recursos públicos terem sido gastos e não estarem sendo utilizados por quem seria por eles beneficiados: a população.

Setores que no passado bradavam contra as mazelas dos nossos irmãos índios, hoje se calam, exatamente no momento em que teriam a oportunidade de colocar para funcionar um projeto que, em suma, poderá trazer um novo alento às comunidades residentes nas nossas aldeias. São pessoas que fizeram da Reserva Indígena um de seus principais redutos eleitorais, ao se apresentarem como defensores da causa indígena.

De minha parte, além de ter lutado para conseguir os recursos federais que garantiram a construção da Vila Olímpica Indígena, tenho atuado em todas as frentes para tentar convencer algum dos entes da federação a assumirem a sua administração. Tenho feito cobranças na Secretaria Estadual de Justiça, no Ministério do Esporte, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério da Justiça, enfim, onde foi possível para ver se alguém se sensibiliza com essa questão.

(*) Geraldo Resende é médico e deputado federal (PMDB-MS)

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