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A violência e a banalização, por Ruy Sant’Anna

Por Ruy Sant’Anna (*) | 19/07/2012 10:20

Há anos a imprensa divulgou a foto de um jovem morto e jogado num carinho de supermercado.

Era um cadáver baleado. Ele fora objeto, literalmente falando, do interesse provisório do tráfico que via nele alguém para facilitar a vida de traficantes, na medida em que os jovens têm mais facilidade para abordagem aos de mesma faixa etária. São mais objetos do que pessoas. E só.

Essa é uma das banalizações da vida humana, no palco do dia a dia.

Mesmo diante da importância dos registros da imprensa, não há como negar o outro lado de tais cenários. É a banalização dos horrores vistos em fotos e vídeos, vistos à distância ou até ao vermos os que por curiosidade arriscam uma olhada na desgraça alheia, muitas vezes com indiferença. Parece que as pessoas vão ficando dessensibilizadas aos poucos, diante das exposições diárias da violência.

Essa insensibilidade não é só no meio do tráfico, mas encontramos nos altos índices de bullying nas escolas; na vida doméstica com a violência contra a mulher; ainda no lar a violência física e sexual contra menores e jovens; contra os idosos. São exposições inaceitáveis de intolerância ás diferenças.

Nesse particular é conveniente lembramos que assim começaram os regimes fascistas e nazistas. Também eles não aceitavam as diferenças entre pessoas. Iniciaram eliminando algumas pessoas, depois foram banalizando e passaram a matar pessoas às dezenas, centenas.

Devemos nos cuidar para evitar a banalização, do isto me agrada, aquilo não me agrada, apenas pela coisificação de pessoas. Isto não inclui o comum e aceitável gostar ou não de alguém.

O objetivo é estarmos atentos à diminuição do ser humano em nosso convívio, pela inveja ou por ter enterrado o ser. Esta relação nos remete ao início deste artigo que narrou a menos valia do ser humano, que por não mais interessar ao traficante, mata qualquer pessoa, descartando-se dela como algo imprestável.

Pelo que observei em órgãos constituídos e que se encarregam do zelo da sociedade, nem tudo está perdido. Abordarei esse aspecto. Por hoje dou bom dia, meu bom dia pra vocês que se interessa, se indignam com a violência e mais que isso: dão exemplos de respeito e cidadania para com as diferenças pessoais

(*) Ruy Sant’Anna é advogado e jornalista.

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