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ALÔ, ALÔ

Por Heitor Freire (*) | 10/11/2014 13:08

O comportamento do ser humano varia no tempo e no espaço, e vai se cristalizando por meio de atos que, de tão repetidos, acabam se constituindo nos chamados “usos e costumes”.

No campo jurídico, o hábito de empregar a mesma regra sempre que se repete a mesma situação, e de segui-la como legítima e obrigatória, é que constitui o costume.

Assim, para que um costume seja reconhecido como tal é preciso:

a) que seja contínuo: fatos esporádicos, que se verificam uma vez ou outra não são considerados costumes;

b) que seja constante, vale dizer: a repetição dos fatos deve ser diuturna, sem dúvidas, sem alteração;

c) que seja moral: o costume não pode contrariar a moral ou os bons hábitos;

d) que seja obrigatório, isto é, que não seja facultativo, sujeito à vontade das partes interessadas.

Os costumes são a maneira cultural de uma sociedade se manifestar. A partir da repetição, tornam-se regras que, embora não oficialmente estabelecidas como as leis, passam a ser observáveis pela própria constituição de fato da vida social e, ao longo do tempo transformam-se nos já mencionados usos e costumes que representam a primeira fonte do direito.

Estas ações da mesma espécie compõem a héxis descrita por Aristóteles como uma disposição prática, permanente e costumeira, automática, e muito provavelmente despercebida.

Com essa introdução um tanto formal, passamos para o verdadeiro motivo deste artigo.

Nessa questão do costume há, naturalmente, em cada local uma maneira de agir. A título de curiosidade, no Alasca, os esquimós ao receberem a visita de um homem pela primeira vez, oferecem a sua mulher para dormir com o visitante que não pode recusar a oferta, sob pena de ofender gravemente os hospedeiros.

Mas passando agora para um costume que todos nós repetimos inconsciente e mecanicamente, sem pensar, está a forma de atender ao telefone: Alô. O que quer dizer “alô” e de onde surgiu esse costume?

Quando o escocês Alexander Graham Bell patenteou o telefone, em 1876, queria que todo mundo atendesse o aparelho dizendo “ahoy”, uma saudação náutica. Nessa época, uma preocupação geral era como cada interlocutor iria saber que o outro queria falar.

Mas em 1877, Thomas Edison sugeriu que um simples “hello” (olá) já resolveria o impasse. Por ser uma saudação mais comum do que “ahoy”, o “hello” acabou pegando mais rápido.

É interessante notar que “hello” já era utilizado como saudação bem antes da invenção do telefone como se vê no livro Roughing It de Mark Twain escrito entre 1870 e 1871.

Conta-se que quando o telefone foi apresentado em uma feira de invenções, nosso imperador D. Pedro II, que foi especialmente para isso aos EUA, se interessou pelo aparelho. Levantou o fone e disse: alô. Na época esta palavra era usada como se usa hoje olá. No dia seguinte os jornais publicaram: “O imperador do Brasil disse alô ao telefone”.

Foi assim que uma palavra da língua portuguesa entrou em todas as línguas do mundo.

Segundo informações da revista Mundo Estranho, publicação n° 137, o mais provável é que a palavra derive do termo húngaro "hallod", que significa: está me ouvindo? O alô em português é uma tradução direta.

Na Rússia, segundo consta, também dizem “alô”, e não “hello”, como seria de se esperar se a origem fosse americana, como alguns disseram. O Brasil foi um dos primeiros países a adotar o telefone.

Falamos "alô" porque em análise gramatical essa palavra é uma interjeição. E quer dizer exatamente que é uma expressão que serve para chamar a atenção, pode ser uma saudação e exprime surpresa: “Tem alguém aí?”
Para finalizar, em Portugal, quem liga diz: “Está lá?” E o interlocutor responde: “Estou cá”.

(*) Heitor Freire, corretor de imóveis e advogado.

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