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As consequências de uma tomada de decisão

Por Odilon Medeiros(*) | 28/01/2013 08:35

Recentemente vivi uma experiência que me levou a fazer algumas reflexões que gostaria de compartilhar com vocês.

No ano passado fiz uma viagem para fora do país e durante o voo nos deparamos com uma tempestade no caminho. A decisão do piloto foi mudar a rota e nos levar para outra cidade. Pousamos de forma segura e somente após algumas horas, quando o fenômeno tinha perdido força, continuamos a nossa viagem.

Não vi ninguém parabenizando o piloto por sua decisão. Pelo contrário, vi um passageiro estressado, gritando com os funcionários da companhia aérea, por que ele ia perder um compromisso importante. Se tivéssemos continuado, talvez ele não perdesse o compromisso: perdesse a vida. Mas isso é só um pequeno detalhe, diante da “importância” do compromisso.

Este ano, voltei para a mesma região e mais uma vez encontramos uma tempestade. Diferentemente do que aconteceu no ano passado, o piloto resolveu prosseguir a viagem. Já voei bastante e entrar em áreas de turbulência não é nenhuma novidade. Entretanto, desta vez foi diferente: sinceramente pensei que não iríamos conseguir sair ilesos daquela situação.

Depois de um longo momento de tensão e apreensão, pousamos. Ao tocar no solo, os passageiros aplaudiram (o que é um costume comum no exterior, quando o pouso é bem realizado) e ao parar totalmente a aeronave, novamente os passageiros aplaudiram (o que não é comum).

Pelo apresentado, ficou claro que para muitos passageiros, o nosso piloto foi um herói! Mas, será que foi realmente? Qual a sua opinião?

Sei que a companhia aérea interfere no que deve ser feito em situações atípicas, mas sei, igualmente, que a decisão final é do piloto. Sei também que vários acidentes aéreos ocorrem porque alguém tomou a decisão de enfrentar essa força da natureza e colocou em risco muitas vidas humanas.

Assim fiquei pensando nas duas situações: na primeira o piloto tomou uma decisão que não foi simpática aos passageiros e todos nós não valorizamos a sua atitude, que passou despercebida. Não agradecemos, não comemoramos, nada fizemos. Naquele momento, a decisão que o piloto tomou era a melhor para nós, mas mesmo assim, agimos como se fosse a obrigação dele.

Na segunda, a decisão do piloto, se não nos colocou em perigo eminente (não tenho conhecimento técnico para afirmar) nos colocou em condição de desconforto, de medo, de tensão. Sofremos os efeitos negativos de uma decisão que ele tomou e mesmo assim, enaltecemos o seu comportamento, o seu desempenho.

Neste caso tudo deu certo, mas, se algo tivesse falhado? Tudo mudaria rapidamente. De herói, ele passaria a bandido; de competente a incompetente. Tudo em fração de segundos.

A mesma situação ocorre nas empresas: o gestor também pode passar de herói a vilão rapidamente.

Estou ciente de que a maneira como as pessoas tomam decisões e a qualidade das escolhas finais, dependem fortemente de suas percepções: percepção de que tem conhecimento suficiente, percepção de que há domínio do equipamento, percepção de que nada falhará, etc. Mas é importante destacar que, muitas vezes, essas percepções não correspondem à realidade e que uma das grandes origens dos erros está no excesso de confiança de quem está tomando a decisão.

Para fortalecer as nossas percepções, o nosso cérebro possui um sistema que conta com três engrenagens que são solicitadas sempre que precisamos decidir sobre algo. Uma representa o desejo de chegar à conclusão mais lógica, a seguinte está ligada a sua própria experiência de vida e a última consulta os seus antepassados.

Como pode ser observado, cada uma delas apresenta uma perspectiva que, necessariamente, não convergem. Neste caso, optamos por aquela que, de acordo com as nossas percepções, se destaca.

Outro ponto a salientar é que, tomar decisões quase sempre implica em correr riscos, já que na maioria das vezes não há como comprovar previamente que a opção será acertada. Algumas vezes, inclusive, a única opção que temos é usar a intuição.

Se você nunca parou para pensar sobre a tomada de decisão, observe que o que vivemos ou experimentamos hoje, é fruto das decisões que tomamos ao longo da nossa vida. Assim, reflita sobre as decisões que você está tomando atualmente. No futuro você estará vivendo as consequências dela.

Portanto, aja corretamente hoje e seja feliz sempre. Que assim seja.

(*)Odilon Medeiros é consultor em gestão de pessoas, palestrante, professor universitário, mestre em Administração, especialista em Psicologia Organizacional, pós-graduado em Gestão de Equipes, MBA em vendas Contato: om@odilonmedeiros.com.br / www.odilonmedeiros.com.br

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