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As paineiras floridas

Por Heitor Freire (*) | 20/03/2013 08:57

As margens do córrego Prosa, em seu trecho ao longo da avenida Ricardo Brandão, amanheceram floridas. As majestosas paineiras que ornam as suas margens, de repente, sem aviso prévio, sem anúncio formal, sem buzinas, sem alarde, silenciosamente passaram a exibir o colorido de suas flores encantando a todos os transeuntes. É o que acontece todos os anos, quando se aproxima o outono.

Certamente por terem crescimento rápido e serem úteis na recuperação de áreas degradadas, foram plantadas ao longo das margens do córrego cuja importância é marcante na história de Campo Grande, juntamente com o córrego Segredo. Essas paineiras foram plantadas pelo Wisterman Chaparro – que era o encarregado de parques e jardins da cidade – na administração municipal do Lúdio Coelho.

São árvores com tronco cinzento-esverdeado rodeado de espinhos que só começam a cair por volta dos vinte anos de idade, na parte baixa do caule, caindo também na parte mais altas da árvore com o engrossamento da casca.

O tronco das paineiras tem boa capacidade de sintetizar clorofila e tem coloração esverdeada até quando tem um bom porte; isto auxilia o crescimento mesmo quando a árvore está despida de folhas. Quando isso acontece, ela começa a receber ninhos de pássaros, o que seria impossível com os espinhos longos e pontiagudos. Esta não é uma regra para todas as paineiras; algumas com mais de vinte anos, por exemplo, continuam com espinhos muito grandes na parte baixa, provavelmente como defesa de insetos.

Campo Grande sabidamente é uma cidade verde. Vista do alto, fica muito patente essa condição. A preocupação com o verde foi uma constante nas administrações municipais desde o começo: por ato do intendente José Santiago, em outubro de 1912, foi criada uma reserva de terras que deu origem ao Horto Florestal. Esse local é dotado de características próprias de vegetação, onde dois braços de córregos, o Prosa e o Segredo, juntam-se ali para dar origem a um rio de grande importância para a região, o Anhanduizinho.

O primeiro programa de arborização para as ruas do município aconteceu em 1913, quando o intendente dr. Arlindo de Andrade Gomes mandou trazer do Jardim Botânico do Rio de Janeiro cerca de mil mudas que foram plantadas em diversas ruas, dando assim origem a esse universo verde que cobre toda a nossa cidade, constituído inicialmente das aleias de fícus e ingazeiras das avenidas Afonso Pena e Mato Grosso, que permanecem até hoje. Não podemos esquecer as mangueiras, algumas centenárias.

A vegetação é importante, pois ameniza o efeito estufa no meio urbano, além de absorver poeira e poluentes diminuindo a poluição e ainda age sobre a saúde física e mental do ser humano. Além de todas as funções climáticas, a arborização também ajuda a organizar o ambiente urbano, embeleza e perfuma ruas, praças e jardins melhorando também a paisagem do ambiente.

É o que fazem as paineiras do córrego Prosa, que, silenciosamente, após cumprir o ciclo da floração se recolhem ao seu interior, dando continuidade ao seu trabalho. Essa forma de agir da natureza se constitui num ensinamento sábio para ser apreendido pelo ser humano: uma ação constante sem ostentação.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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