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Avaliação escolar: o peso de uma nota na vida do aluno

Por Erik Penna (*) | 06/12/2016 14:27

"Poderão esquecer o que você disse, mas jamais irão esquecer como os fez sentir." (Carl W. Buechner)

Hoje, quero compartilhar uma grande decepção que vivenciei na escola, causada por uma atitude insensível, nada construtiva, tomada por um professor de biologia, que serve como alerta para o bom professor na hora de avaliar e dar a nota de uma prova, principalmente se a nota for tão decisiva.

Sempre fui um aluno muito estudioso, raramente me ausentava da escola, fazia as tarefas de casa sozinho e em vários anos fui selecionado como o melhor aluno da turma.

Geralmente, o dia da formatura é cercado de intensa alegria, onde permeia um sentimento de que o esforço valeu a pena, uma sensação maravilhosa por compartilhar a conquista com os familiares que mais ama. Mas, infelizmente, comigo não foi assim.

Era dezembro, o quarto bimestre sendo fechado e eu já havia conseguido quase todas as notas suficientes desde o terceiro bimestre, exceto em biologia. Eu precisava de uma nota cinco para atingir os vinte e oito pontos que me qualificariam a concluir o então terceiro colegial, atualmente chamado de ensino médio. Estudei e fui confiante para a última prova marcada para o início de dezembro, na realidade a avaliação da disciplina biologia era dividida em duas provas, de professores diferentes, que valiam cinco cada uma.

Na semana seguinte recebi a nota e eu precisava de cinco na somatória das duas avaliações. Na prova de um professor tirei nota quatro e, com isso, precisava apenas de mais um ponto na prova do outro professor. E foi aí que começou minha decepção. Olhei a nota e não acreditei, pois o professor me conferiu a nota 0,5, ou seja, fiquei com um total de 4,5 e, por meio ponto, não passei direto e teria que enfrentar a recuperação. Até aí tudo bem, faz parte.

Fui olhar o calendário da recuperação de biologia e descobri que a prova havia sido marcada para um dia após a formatura. Me dirigi ao professor que me deu nota baixa, com todo meu histórico escolar e argumentei tudo isso. Perguntei a ele se eu poderia rever a nota ou, de alguma forma, considerar meio ponto a mais ou pelo menos antecipar a prova para eu poder ir para a formatura com a nota final decidida. De uma forma soberba e autoritária ele negou veementemente. Disse, ainda, que aquela nota era construtiva, para eu aprender a estudar.

Sabe qual foi o resultado disso? Imagine a seguinte cena: chegou o dia da formatura, eu estava lá no palco, ao lado dos demais alunos formandos, e o teatro da cidade totalmente lotado de amigos e familiares. Ao final da cerimônia, o diretor da escola entregou um canudo com o diploma para cada aluno, e os alunos deveriam pegar e entregar aos pais que os esperavam na descida da escada do palco. E este era o auge da cerimônia, a alegria dos alunos e o entusiasmo dos pais era marcante e fascinante.

Chegou a minha vez, chamaram meu nome, o diretor entregou um canudo lacrado e eu fui ao encontro dos meus pais e, na frente deles, entreguei este objeto ao meu pai, meu eterno herói. Ele abriu e, para sua surpresa, encontrou apenas uma folha de sulfite em branco, ao invés do certificado de conclusão e histórico escolar. O olhar dos meus pais falou tudo e, enquanto todos sorriam e comemoraram, fui embora para casa deprimido e chorando por não ter conseguido celebrar a vitória naquele dia. Foi um dia triste e lamentável.

Dias depois, fiz a prova e consegui a nota que me qualificava. Mas já não havia clima, nem festa de comemoração e, sim, frustração. Fiquei por muito tempo pensando, no peso daquela nota, sua consequência lastimável e na atitude daquele professor. Será que foi mesmo de fato tão construtiva e estimulante como ele disse? Hoje, posso afirmar que esqueci quase tudo que o professor Luciano me ensinou sobre o sexo das plantas, mas jamais irei esquecer como ele me fez sentir no dia da minha formatura.

Por isso, reforço a importância da atuação dos professores na vida dos alunos, que podem deixar bons ou maus exemplos de acordo com as condutas adotadas.

Uma postura extremamente inflexível por parte do professor educa ou traumatiza? Vale a reflexão!

(*) Erik Penna é professor, palestrante motivacional, consultor e escritor

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