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Aylan Shenu, Jair Bolsonaro e Pablo Escobar

Por Mauricio R. Lemes Soares (*) | 10/09/2015 07:52

Nessa última semana três personagens me chamaram a atenção: Aylan Shenu, Jair Bolsonaro e Pablo Escobar. As duas primeiras referem-se a fatos atuais. A última, apesar de certa distância temporal, ganhou grande repercussão midiática devido à estreia da série “Narcos” do canal Netflix®.

Aylan Shenu era a criança síria de 3 anos encontrada morta numa praia da Turquia após sua família refugiada sofrer um naufrágio na tentativa de alcançar a costa grega para escapar dos horrores da guerra civil e da péssima situação econômica em seus país de origem. A comoção mundial com esse fato foi tão avassaladora que tem levado os principais líderes e sociedade civil a pensarem com mais afinco a situação dos refugiados. Vários países estão agora abrindo suas fronteiras para os receberem.

Jair Bolsonaro é um deputado federal brasileiro extremamente conservador. Tem se popularizado pela irreverência em seu posicionamento político contrário frente a questões da pauta do governo federal em relação às minorias, especificamente sobre o Homossexualismo e os Direitos Humanos. No último sete de setembro, durante o desfile da independência, foi ovacionado e carregado nos braços por cidadãos que o chamavam de “Mito” e repetiam incansavelmente em uníssono: “Um, dois, três... quatro, cinco, mil... Queremos Bolsonaro presidente do Brasil”.
Pablo Escobar foi um criminoso colombiano que fez fama e fortuna através do narcotráfico. Chegou a ser apontado pela revista Forbes como uma das pessoas mais ricas do mundo no auge de sua vida megalomaníaca. Foi o chefe do Cartel de Medellín e pesa sobre seus ombros a morte de aproximadamente seis mil pessoas. Um dos fatos mais absurdos em sua trajetória foi o acordo de rendição firmado com o presidente colombiano Cesar Gavíria que lhe proporcionou um presídio particular de onde ele poderia ter uma vida de rei e controlar tranquilamente os negócios ilícitos.

Mas afinal, qual a relação entre essas personagens?

Guardadas as devidas proporções, elas simbolizam/simbolizaram a falência das instituições governamentais de seus países. Diagnosticam/diagnosticaram o mal e prognosticam/prognosticaram saídas políticas desastrosas para suas populações.

A Síria, afundada em uma guerra civil sem dia pra acabar, é acusada de abrir espaços para ocupação do terrorismo do Estado Islâmico. Porém, a chamada de atenção por meio da perda do pequeno Aylan Shenu, serve para que haja uma séria conversa entre ela e os principais países do mundo para um consenso.

O Brasil corre o risco de ter um presidente que, embora na contramão de uma agenda que considero mundial, resgata o conservadorismo no qual os políticos brasileiros sempre se apegaram para resolver as piores crises de sua história. E a Colômbia, para que cessassem os atentados à bomba no seu território, selou um acordo que consistiu em dobrar os joelhos de sua soberania para alcançar, naquele momento, a paz momentânea.

Durmamos com esse barulho...

(*) Mauricio R. Lemes Soares, vereador de Dourados e professor de História

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