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Bairro Amambahy – um resgate histórico

Por Heitor Freire (*) | 07/10/2015 14:09

O bairro Amambaí que herdou esta pronúncia da grafia antiga em que se escrevia Amambahy, levando o acento para última sílaba, assim permaneceu diferentemente da pronúncia da cidade que leva a mesma denominação que se pronúncia Amambai com a sílaba tônica no meio da palavra. “Forçoso é reconhecer que a pronúncia correta é Amambaí” (Professor Hildebrando Campestrini in Questões Gramaticais Sul-Mato-Grossenses – pág. 34)

É o bairro mais antigo de Campo Grande. E serviu como base para a construção dos quartéis do Exército em nossa cidade. Através da Resolução de 1º de dezembro de 1921, nascia o “Bairro Amambahy”, projeto do vereador Leopoldo Gonçalves dos Santos, apresentado na sessão de 25 de novembro daquele ano, a pedido do Intendente Arlindo de Andrade Gomes. O presidente da Câmara Municipal era o engenheiro agrimensor Arnaldo Estêvão de Figueiredo, que depois foi prefeito de Campo Grande e o primeiro governador do estado de Mato Grosso, eleito após a ditadura Vargas.

O projeto do bairro foi elaborado pelo engenheiro Camillo Boni, de origem italiana que aqui se radicou e teve participação importante em vários aspectos da nossa história. Logo que chegou se incorporou à sociedade campo-grandense tornando-se uma personalidade das mais importantes da nossa cidade. É de sua autoria, entre tantos outros, o projeto e a construção do hospital da Sociedade Beneficente de Campo Grande, Santa Casa, de cuja fundação também participou.

Foi o dr. Camillo Boni que implantou e dirigiu até o fim de sua vida o núcleo inicial do Sesc em nossa cidade. A sua marca se encontra de forma indelével em muitas realizações marcantes em Campo Grande. O projeto do bairro Amambaí trouxe em sua gênese a sua energia, que de imediato se irradiou por todo o seu entorno, constituindo-se num determinismo histórico que marcou o bairro para sempre.

Campo Grande teve, sempre, desde o início, participação ativa de alguns engenheiros que por aqui passaram e outros que aqui permaneceram, dos quais destaco: além do já citado Camillo Boni, no período inicial da nossa história, Emilio Schnoor que, em 1906, foi o responsável pelo traçado da estrada de ferro, Nilo Javary Barém, que elaborou e implantou um plano ortogonal, em xadrez, com ruas largas no sentido leste-oeste cruzadas por transversais mais estreitas, no sentido sul-norte. Foi também Intendente por curto período.

Themístocles Paes de Souza Brasil, engenheiro militar que aqui veio em 1910, para dar início e andamento às obras necessárias para a instalação da Brigada Militar e que atendendo a pedido do Intendente José Santiago, procedeu aos trabalhos de medição e demarcação das terras destinadas ao Rocio da Villa de Campo Grande, sem ônus para a Intendência, e ainda João Pandiá Calógeras autor do projeto e construtor da residência de Bernardo Franco Baís. Este foi, também depois, como ministro da Guerra, o responsável pela instalação dos quartéis em Campo Grande, que veio a dar um grande impulso à nossa cidade.

O bairro Amambaí abriga a sede do Comando Militar do Oeste, a sede do episcopado, o Círculo Militar, o clube da União dos Sargentos, a praça do Corretor de Imóveis, a sede da Federação do Comércio, do Sesc, do Senac, da Federação das Indústrias, do Sesi, do Senai, da Igreja Assembléia de Deus, a igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a Morada dos Baís, a primeira rodoviária da cidade, o Camelódromo, a praça das Araras (um dos locais turísticos mais visitados da nossa cidade), o Colégio Osvaldo Cruz e a maioria da rede hoteleira.

Foi ali também implantado o núcleo do Instituto de Ciências Biológicas, inaugurado pelo governador Pedro Pedrossian, embrião da nossa Universidade Federal, na então rua Y-Juca Pirama (hoje Cândido Mariano). Um pouco antes do Instituto, na mesma rua, foi construído o colégio estadual, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, hoje colégio Maria Constança de Barros Machado, outra personagem histórica.

Agora, a vereadora Luiza Ribeiro, com um olhar voltado para a importância do Bairro Amambaí, promove o seu resgate programando uma série de eventos a serem realizados no dia 1º de dezembro que foi designado como o dia comemorativo do bairro.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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