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Cabeça de boi

Por Heitor Freire (*) | 19/10/2015 09:25

Campo Grande, esta bela cidade morena, foi construída por muitas mãos, ao longo dos tempos. Muitos foram os moradores que aqui chegaram dos mais variados pontos do Brasil: mineiros (os fundadores), paulistas, nordestinos, gaúchos,catarinenses, paranaenses, e também imigrantes como os paraguaios, árabes, italianos, portugueses, japoneses, espanhóis, enfim, gente de muitas partes do mundo e que aqui acabaram constituindo esta“Babel que deu certo”, conforme muito bem colocou o historiador Edson Contar.

O primeiro bairro de Campo Grande foi o Amambaí,com uma história muito rica, de conteúdo, de monumentos. O mais emblemático de seus monumentos na históriaé o Cabeça de Boi. Hoje divide as honras com a Praça das Araras. É interessante que tanto um como o outro foram edificados na administração do prefeito Juvêncio César da Fonseca.

Mas antes de chegarmos ao Cabeça de Boi, objeto deste artigo, um pouco de história: a Praça Cuiabá – assim denominada em homenagem à capital do estado de Mato Grosso –, é o único marco remanescente do traçado topográfico elaborado na década de 1920, quando o ponto era o local de intercessão de várias ruas para o acesso à região dos quartéis e à vila, onde em 1930 foi inaugurado o coreto que mantém sua estrutura original.

Algumas fontes dão o coreto como instalado em 1925, outras em 1930.Na época da sua construção, o local era a confluência das ruas Dom Aquino, Y-Juca Pirama(hoje Cândido Mariano), Duque de Caxias e Sargento Cecílio Yule.

Com a chegada dos quartéis e a estrada de ferro, completa-se a dupla de fatos históricos que projetariam nossa cidade no futuro. Com essas duas pernas, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB) e os Quartéis, Campo Grande começou a andar.A chegada dos trilhos da NOB foi fundamental para o florescimento de Campo Grande, principalmente como entreposto comercial, chamando para si a exportação do gado e criando sólidos laços com São Paulo.

Nos anos 20, quando Ministro de Guerra, o engenheiro JoãoPandiá Calógeras, decidiu localizar a Região Militar em Campo Grande. Foi então que se iniciaram as obras de construção dos quartéis na região do bairro Amambaí, à época um cerrado só.

Um açougueiro resolve fazer uma churrascaria rústica para atender às necessidades do almoço dos trabalhadores do canteiro de obras. Como era só matagal na região, ele ergueu uma ossada de crânio bovino (ou seja, uma caveira de cabeça de boi) no topo de um alto poste de aroeira, para que os homens de longe pudessem localizar o ponto. Vem daí a região há quase cem anos denominada Cabeça de Boi, o que é muita tradição em uma cidade de apenas 116 anos. A Praça do Coreto, ficou então conhecida como "Cabeça de Boi".

Cultivar a manutenção de nomes populares de localidades urbanas tem sido um patrimônio imaterial de grande importância na história das cidades. Não faltam exemplos.

Campo Grande nunca se esqueceu de que a localidade deveria ser preservada com um monumento, e o poste com a Cabeça de Boi, posteriormente substituída por uma cabeça embalsamada numa caixa acrílica, por breves anos, foi finalmente substituído condignamente em 1995, pelo prefeito Juvêncio Cesar da Fonseca, em ferro e aço inoxidável, encomendado ao artista plástico Humberto Espíndola (que, gentilmente cedeu–me a pesquisa que fez à época).

Impossibilitado de ser implantado no local que então se pretendia no final da Av. Marechal Rondon, foi instalado na rotatória de entrada da Av. Julio de Castilho. E lá permanece altaneiro como símbolo de uma época.

A avenida Duque de Caxias, que é a principal entrada de Campo Grande para quem chega por avião, é cheia de monumentos e atrações que chamam atenção de quem passa por lá, principalmente turistas. Logo na chegada, se deparam com os tuiuiús na praça defronte ao aeroporto, obra do artista plástico Cleir Ávila Ferreira Júnior, autor também do monumento das Araras.

Logo depois em frente à Base Aérea, repousa há décadas um avião T6, utilizado na Segunda Guerra Mundial. Nas imediações do Comando Militar do Oeste, há uma guampa de tereré gigante e na mesma praça, o relógio das flores.
Assim o bairro Amambaí é também o local mais contemplado com monumentos emblemáticos em nossa cidade.

(*) Heitor Freire, corretor de imóveis e advogado.

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