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Caminhoneiro e rebite, por Ruy Sant’Anna

Por Ruy Sant’Anna (*) | 14/08/2012 09:00

No artigo que apresentei aqui no dia 27 de julho, com o titulo “Logística, óleo diesel e pedágio” observei que o governo federal não cumpria suas obrigações na área do transporte de há muito.

Como o título já dizia, a desatenção governamental ocorre na falta de cuidados à logística nas vias fluviais, marítimas, rodoviárias, ferroviárias e aéreas. Cada uma com suas várias deficiências que não caberiam aqui enumerá-las.

Apenas faço referência desse assunto por antever a possibilidade da greve dos caminhoneiros. Que aconteceu.

O primeiro proveito para os caminhoneiros nessa greve foi a interrupção da penalização contra eles, porque foi escancarado que a culpa da falta de estrutura é do governo.

Aqui destaco o segundo benefício da greve dos caminhoneiros. É a clara tentativa de retomada de posição pelo governo federal que está sinalizando que quer socorrer a área da logística de transportes de cargas e de pessoas.

Mesmo que pense em dividir os investimentos com a iniciativa privada, neste momento é mais importante ouvir o plano do governo. Porém, todo cuidado nessa hora é importante, porque dessa ideia pode e devem surgir mais despesas para a população.

A luta aí será pelo menor prejuízo para os bolsos.

Uma das advertências que fiz foi exatamente sobre a possibilidade de greve no setor rodoviário. E o que vimos e reflete-se ainda no país é a consequência do governo que mais uma vez joga contra o povo e tenta usar esse mesmo povo como massa de manobra.

O que o governo federal faz questão de esquecer é que os caminhoneiros são parte importante do povo brasileiro. São pessoas de origem humilde e guerreiras, no bom sentido. Todos conhecemos suas necessidades pessoais e de falta de estrutura nas estradas da vida, pelas quais transportam o progresso do país.

E o custo desses profissionais? Saúde debilitada pela má alimentação, estresse diuturno, risco na segurança própria com possíveis assaltos, risco pelas estradas mal conservadas e desestruturadas de apoio aos que transitam... E por aí vai!

E a má colocação que muitas vezes é feita contra o caminhoneiro que faz uso dos viciantes rebites?... Dá a impressão de que essas drogas fazem parte da vida deles como se fosse uso de simples drogado. Da droga pela droga.

Alguns caminhoneiros fazem uso errado dos rebites, isso é conhecido.

Embora os fins não justifiquem os meios também todos, das autoridades ao povo em geral, sabemos que essa transgressão acontece por absoluto desespero dos profissionais do volante. Procuram suprir necessidades próprias e da família que dia a dia precisam não viver, mas sobreviver melhor. E aí enfiam o pé no acelerador e na jaca.

Os caminhoneiros enfraquecidos nas lutas pelas melhorias aumentam seus tempos de trabalho. E ganham muito? Uns trocados. E como dizia meu amigo, de saudosa memória Fotógrafo dos bons, Raimundinho Alves Filho quando brincando literalmente com nosso Diretor Adirson, do Diário da Serra dizia: “ah, meu aumento dá certinho pra morrer de fome, sem fazer força”.

Aqui, tudo acontece pela falha de uma política econômica que não deveria escrever apenas números, mas se ocupar com o suor, lágrima e sangue de uma classe que em outros países são mais respeitados e dignificados pelas suas tarefas.

E a pergunta: qual a atitude correta no mau uso do rebite? Trancafiar o caminhoneiro? Demiti-lo, simplesmente?

Ou o governo federal deve assumir essa questão, que é mais social do que individual e promover tratamento de tais profissionais? Afinal, foram praticamente induzidos à droga, diante dos problemas que recebe todo dia das desestruturadas vias de transporte.

Observo que o governo federal vive uma política baseada em paradigma atrasado. Quer jogar os caminhoneiros como responsáveis pelas deficiências que começam a aparecer pelo desabastecimento. Outro ponto que sufoca o governo na questão da logística de transportes são a Copa do Mundo e as Olimpíadas que estão chegando.

Afinal, não podemos esquecer: a análise desse problema tão envolvente, trata de seres humanos. Sobretudo, que as diretorias de recurso humanos governamentais e também privadas se elevem à categoria de Diretoria de Seres Humanos.Toda solução tem de ser dirigidas aos seres humanos. Às mulheres e homens de boa vontade e senso de justiça, o meu bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*)Ruy Sant’Anna é advogado e jornalista.

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