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Carga horária da enfermagem e o sono em pandarecos

Por Ruy Sant’Anna (*) | 04/07/2012 13:50

Ainda é verdade: a notícia “só existe”, como desde o início das escolas de jornalismo nas faculdades oficiais ou nas da vida, quando “o cachorro faz mal à moça”. E com esse espírito o antigo jornal A Luta Matogrossense anunciou: “CACHORRO FEZ MAL A MOÇA”! Alguns leitores ávidos pelo sensacionalismo reclamaram porque no corpo da notícia a história não era a que se anunciava na capa do jornal.

Apenas, uma moça teria comido cachorro quente e este sim, fizera-lhe mal. E veja que esse assunto foi manchete do jornal “A Luta Matogrossense”, do polêmico e bom jornalista, saudoso, Chaves.

Sei que essa lembrança é muito carregada na comparação, porém ela ainda é muito atual em várias oportunidades no jornalismo e na política congressual. Se não vejamos: há poucos dias a Câmara Federal barrou um sonho acalentado há 12 anos pelos dedicados, sacrificados e muito pouco reconhecidos em seus valores profissionais e humanos: as(os) enfermeiras.E pouco, quase nada conseguiu repercutir na chamada grande imprensa nacional.

E qual a revindicação dessa valorosa classe, que eu particularmente sempre respeitei, respeito e admiro...?

A enfermagem brasileira luta arduamente pelo direito de ter reconhecida a carga horária de 30 horas semanais em seus registros trabalhistas. É importante esclarecer que o Congresso Nacional já aprovou projetos que regulamentam a jornada de trabalho dos médicos, com 20 horas semanais; técnicos de radiologia, 24 horas semanais; fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais 30 horas semanais e os assistenes sociais com com 30 horas semanais.

E qual seria a razão básica do impedimento da satisfação desses profissionais? “O suposto impacto financeiro” na área pública e privada que empregam esses trabalhadores. Porém, não é isso o que afirma o conseituado Departamento Intersindical de Estatíca e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE) em análise efetuada em 2011, que por sinal, serviu-se de dados oficiais do governo federal (RAIS do Ministério do Trabalho e Emprego), ao mostrou que o aumento na massa salarial do setor saúde é muito pequeno, ou seja apenas 1,33%, correspondendo a R$ 3,7 bilhões.

E o mesmo DIEESE levantou que a jornada de 30 horas, quando aprovada, representará a abertura de 194.857 novos postos de trabalho para os profissionais da Enfermagem. Outra informação importante é que as entidaes da Enfermagem coletaram estatísticas do IBGE e constataram que os impactos financeiros serão poucos porque muitas localidades já adotaram jornada de 30 horas semamanais através de acordos institucionais, E além disso os municípios de Curitiba/PR e do Rio de Janeiro,aprovaram leis municipais adotando jornada de 30 horas semanais.

É essa a luta heróica da Enfermagem brasileira, quando maldosamente são desprestigiados nesse direito sagrado que é o de receberr um mínimo de consideração pelo esforço/sacrifício que os levam a manter o ânimo e idealismo intactos. Todos conhecemos o dia a dia desses trabalhadores diante de tantos sofrimentos alheios ao procurar com aconchego, amor e profissionalismo minorar a dor de seus pacientes, ao lado da valorosa classe médica.

É comum encontrarmos esses profissionais em algumas colocações de atendimentoem residencias, além dos plantões e horários de serviço em hospitais, com vários, em turno de 24 por 24 horas. E o ciclo de sono dessas pessoas, como anda? Como diria o leigo: em pandarecos!

Assim, caros leitores essa é a luta da batalhadora classe da Enfermagem. Cá deste lado torço e dou esta mínima colaboração, mesmo sabendo que as enfermeiras e enfermeiros não fazem mais do que suas obrigações ao bem atender seus pacientes. Mas, como vimos eles não são tão simples assim. São heróis brasileiros.

Enquanto isso a classe política deve-lhes essa. Mas relevando a maldade dos insensíveis deputados federais que não cumpriram com seus deveres de presença em plenáro para votar a favor ou contra a carga horária de 30 horas semanais para a Enfermagem, abraço e respeito aos senhores deputados, em minoria é verdade, mas que ética e honrosamente marcaram presença naquela frustrada votação.

Por isso dou o meu bom dia, o meu bom dia pra você classe da Enfermagem, acreditando que o poder de convencimento dos bons políticos e a força das enfermeiras e enfermeiros prevaleçam nessa boa luta.

(*) Ruy Sant’Anna é advogado e jornalista.

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