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Carta aos advogados sul-mato-grossenses

Por Elenice Pereira Carille (*) | 25/03/2014 16:00

Tive a honra de presidir a nossa OAB MS por duas gestões (89/90 e 91/92), ocupei os não menos honrosos cargos de secretária adjunta (1980/81), presidência da CAAMS(98/2000), Conselho Federal(2006/2008), enfrentando momentos de muito trabalho, muita dedicação, sérios impasses, mas também momentos prazerosos.

Apoiei inúmeros candidatos, uns vitoriosos outros derrotados, mas no balanço geral a OAB-MS sempre me proporcionou muita alegria por isso só tenho a agradecer aos meus colegas advogados.

Deparei-me nos últimos meses com momentos tristes. Vi a nossa entidade ser enxovalhada pela conduta do presidente JÚLIO CÉSAR RODRIGUES, nome que ajudei a escolher e a eleger. É, pois, a hora do mea culpa. Errei e induzi colegas ao erro. Só me resta pedir humildemente desculpas.

Tenho o cargo de Membro nato do Conselho Seccional, uma honraria aos que ocuparam a presidência e acredito seja irrenunciável. Porém, renuncio à Presidência da Comissão Permanente de Transparência, Ética Pública e Combate à Corrupção, por não ter o menor sentido presidir tal comissão tendo à frente da OAB-MS, por enquanto, o presidente Júlio César Rodrigues, que foi e continua sendo alvo de denúncia pela imprensa, por ter firmado contrato com o Prefeito Bernal (à época) em conduta duvidosa, tendo em vista as denúncias já existentes contra o prefeito em tramite na nossa OAB. Confesso, mantive-me à frente da Comissão, em total desconforto.

Como apurar irregularidades em órgãos públicos, nos poderes legislativo, executivo ou judiciário, nas empresas públicas, nas autarquias com as baterias voltadas para a nossa OAB?

Lamento a postura do Conselho Federal que não soube fazer a leitura correta da gravidade dos fatos aqui ocorridos, da omissão da nossa entidade maior diante da conduta ditatorial de Julio Cesar Rodrigues, da indiferença com a violência ocorrida dentro da sessão do Conselho. E pior, da despreocupação diante do descrédito crescente da gloriosa OAB-MS perante os advogados e a sociedade.

Está sendo muito triste assistir a renúncia de 22 conselheiros seccionais de um número de 32, de 28 conselheiros suplentes dos 32, de 2 conselheiros federais titulares e 2 suplentes de um número de 03, de membros de comissões, do Tribunal de Ética, de diretores da ESA e da CAAMS. É mais triste porque o presidente Julio Cesar tem o desplante de tentar se manter à frente da nossa Classe.

A renúncia é o preço pago para buscar dar à entidade um outro rumo. Na crença de que virá um nome para dirigi-la que a mereça e que ocupe o cargo com retidão e dignidade.

Sigamos em frente. Não nos acomodemos enquanto a nossa OAB-MS não retornar ao seu papel de vanguardeira da moralidade pública e da democracia.

(*) Elenice Pereira Carille, advogada

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