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Cigarro x adolescência, por Adriana do Nascimento

Por Adriana Camargo do Nascimento (*) | 29/08/2011 13:30

“Um café, um cigarro, um trago... tudo isso não é vício;

são companheiros da solidão... Mas isso foi só no início!”

(LOBÃO)

É sabido que os males advindos do tabagismo, tão difundido pela mídia de massa e pelo cinema “Hollywoodiano” dos tempos áureos, afetam de forma drástica a saúde da população tendo como uma de suas principais vítimas os adolescentes e jovens adultos.

Considerando os fatores de risco psicológicos, é sabido que os jovens mais afetados pelo vício do cigarro possuem baixa escolaridade e têm em suas famílias irmãos, pais ou amigos fumantes de convivência muito próxima de si.

Alarmante é o fato de que 90% dos fumantes iniciam o vício durante a adolescência e que é nesta fase da vida que encontramos a prevalência a parcela de 12% dos fumantes em nosso país. Mas quais seriam os motivos que levam os adolescentes a fumarem numa proporção cada vez mais crescente em nossa sociedade?

Diversos fatores poderiam ser apontados, pois temos conhecimento de quê o fumante associa diversos significados ao cigarro que não são reais, tornando-se um hábito adquirido como uma companhia constante que auxilia o individuo no pós-almoço, na espera do ônibus, se vai ao banheiro e assim por diante.

Mas dentre os adolescentes, pesquisa recente publicada no New York Times demonstra agravantes que podem preocupar, pois caiu o mito de que jovens fumantes pudessem iniciar o vício devido à ansiedade típica das transformações da idade – sabemos hoje que tanto um adolescente calmo como um ansioso podem estar sujeitos ao vício, assim como um humor estabilizado ou um depressivo também.

A diferença está no “pós”, quando o vício já se estabeleceu, daí notamos nítidas alterações dentre um adolescente ou jovem adulto fumante e outro não fumante – disturbios emocionais severos como a ansiedade, o agorafobia, a depressão, o pânico, podem surgir muito antes dos danos físicos como câncer ou doenças do coração.

Um adolescente fumante tem quatro vezes mais chances de desenvolver a depressão que os outros, maior probabilidade de desenvolver a Agorafobia e muitos demonstram o desencadeamento da Síndrome do Pânico.

Mas abandonar tal hábito não é tão simples, a dependência química é fator alarmante da saúde pública sendo mais agravada pelo fato de ser o cigarro um assassino silencioso e de longo prazo, diferente de drogas como a cocaína que é rápida e barulhenta.

O abandono de tal hábito pode proporcionar uma surra química e psicológica para o indivíduo afetado – suas sinapses diminuem, o raciocínio fica mais lento durante o período de um a dois meses, e o mesmo entra num processo semelhante ao luto, chegando o abandono do cigarro a ter o mesmo peso psicológico que a perda de um membro de sua família.

(*) Adriana Camargo do Nascimento é psicóloga.

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