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Como as universidades podem participar da aplicação do Enem

Por Girlene Ribeiro de Jesus (*) | 23/07/2011 10:10

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é aplicado anualmente em todo o país. Como todos os anos milhões de inscritos se submetem às provas, o procedimento logístico para aplicação é monstruoso e envolve milhares de pessoas.

Várias instituições são envolvidas nesse processo. Ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) cabe a responsabilidade pela elaboração da prova, uma gráfica é licitada para impressão das provas e de todo o material de aplicação, os Correios ficam com a responsabilidade da logística de entrega e recolhimento e a um consórcio formado por duas empresas cabe a responsabilidade pela logística de aplicação e correção das provas.

Onde então as universidades poderiam contribuir nesse processo? Na elaboração das provas, como já vem ocorrendo, e na aplicação e correção das provas, como está sendo reinvidicado pelos reitores de instituições federais de ensino superior? Não obstante, vislumbro um horizonte ainda distante para participação mais efetiva na aplicação.

No que tange à aplicação das provas, o consórcio responsável contrata pessoas em todos os municípios onde elas são aplicadas. A maioria das pessoas contratadas é docente da educação básica e, em geral, trabalha na escola onde o exame é realizado. Em 2011, a prova será administrada em 1.599 municípios. De acordo com dados do senso da educação superior de 2009, divulgado pelo INEP, temos 245 Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, destas 94 são federais.

Dessa forma, embora fosse desejável, é impossível às IES federais a aplicação de todo o ENEM devido à abrangência do processo, mas poderiam colaborar em alguns municípios. Todavia, chegamos a outro ponto a ser considerado: nos municípios onde as IES federais poderiam colaborar na aplicação, somente o espaço físico, os alunos e funcionários dessas IES seriam suficientes? Ou haveria necessidade do uso de outros espaços físicos e seleção de professores da educação básica? Pela abrangência do exame, acredito que as IES federais não seriam suficientes.

Quanto à correção das provas do ENEM, vejo um espaço mais privilegiado para a participação das IES federais na prova de redação, uma vez que as provas objetivas, embora contem com pequeno número de profissionais de algumas IES federais, são corrigidas por meio do uso de um programa estatístico que aplica a Teoria de Resposta ao Item (TRI).

Todavia, para a correção das redações é necessário contratar milhares de profissionais em todo o país, pois cada redação é corrigida duas vezes, significando que, se os 6,4 milhões de inscritos fizerem as provas, teremos 12,8 milhões de redações para corrigir em um período exíguo de tempo. Nesse sentido, poderia ser feita uma chamada pública e seleção de alunos de pós-graduação e professores universitários para participação na correção das redações do ENEM.

Frente ao exposto, vejo como pouco promissora a participação das IES federais na aplicação das provas do ENEM, mas vejo de forma muito viável e positiva uma participação maior no processo de correção das redações do exame. Outro espaço que as IES também ocupam é o das discussões sobre o exame, as possíveis necessidades de aprimoramento do processo, as ponderações sobre a matriz de habilidades que subsidia a elaboração das provas e o perfil de aluno que o ENEM vem selecionando para os cursos oferecidos.

(*) Girlene Ribeiro de Jesus é professora do Departamento de Planejamento e Administração, da Faculdade de Educação, da Universidade de Brasília. Possui graduação (Licenciatura e Formação) em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba. Mestrado em Psicologia, com ênfase em Avaliação Educacional e doutorado com ênfase em avalidação e normatização de testes, ambos pela Universidade de Brasília. Atualmente cursa especialização em matemática e estatística pela Universidade Federal de Lavras.

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