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Como sair da enrascada?

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 05/10/2015 14:07

O Brasil entrou na era da globalização sem ter adquirido o necessário preparo. Com a política cambial fora da realidade, o país passou a importar de tudo, quando na verdade poderia ser um dos celeiros do mundo, mas ao contrário, está descuidando da natureza e perdendo vitalidade, sem se transformar no grande produtor. A indústria perde força e a economia brasileira vai perdendo espaço e retrocedendo.

Parece que o principal problema do país é que raramente buscou o progresso real tendo, no passado colonial, primado pela economia de subsistência e transferência das riquezas para o exterior. A grande falha tem sido a falta de lideranças sérias, a má aplicação dos recursos, os desvios de verbas, o descontrole do caixa interno e externo, a falta de bom preparo das novas gerações. O economista Bresser Pereira, ex-ministro da Economia, aponta que o país não pode deixar crescer o déficit de conta corrente como uma constante, se tornando dependente de financiamentos externos para manter o equilíbrio. Seria como um organismo que devido à continuada hemorragia, sempre precisaria de novas transfusões de sangue para sobreviver.

O dólar fica caro pela sua escassez no mercado manipulado, pois exportamos pouco, dependemos de importações, temos de efetuar remessas de juros, lucros, resgates. O meio circulante desaparece com os juros elevados; a melhor distribuição de renda gera aumento de importados. O déficit de conta corrente cresce e aumenta a dependência de financiamento externo para equilibrar. Uma questão que merece a atenção de todos.

Quando há sobra de dinheiro, o mercado empurra o excedente para os Estados, aumentando as dívidas soberanas. Quando os governos dissipam os recursos sem ter cumprido sua obrigação de melhora das condições gerais, e apresentam insustentabilidade das contas, o mercado se assusta e tome austeridade até as coisas melhorarem. E assim o ciclo nefasto poder recomeçar.

Há uma grande incompreensão sobre o significado da vida, o que causa infelicidade por faltar um objetivo mais nobre. As permanências dos lixões indicam a falta de seriedade de prefeitos, vereadores e toda classe política empenhada prioritariamente em receber verbas para se segurar nos cargos. Revela também o fracasso educacional e o retrocesso ao qual o país está submetido. Todos sabem que a água é vital para a sobrevivência da humanidade, mesmo assim houve descaso e falta de responsabilidade.

Se com a água estamos assim, com o restante está ainda pior. Só se pensa em dinheiro e poder, esquecendo que somos responsáveis pelo futuro. Nada a estranhar se o planeta está a caminho de uma grande crise, fruto dessa displicência de querer se sobrepor às leis naturais da Criação com os novos inventos.

O importante é sabermos tudo que as inovações nos trazem, sem ficarmos dependentes, perdendo as nossas capacitações naturais de intuição nítidas, raciocínio lúcido, percepção, e decisão. Em vez de união para tirar o país da rota do abismo, o que mais vemos é um desfiar das desgraças do Brasil existente há décadas, agora em maior escala e agravadas pelo despreparo da população e pela renhida luta pelo poder. O país é dependente, a sua moeda é frágil e mal administrada. Os economistas do governo querem confronto ideológico, em vez de buscar o caminho que o Brasil deveria seguir para sair da estagnação econômica e alcançar a governabilidade e a sustentabilidade no conturbado cenário da trajetória de crescimento da dívida pública, para se tornar o decente país que queremos.

O ponto nevrálgico no relacionamento entre os países, que gera desarmonia e conflitos é o desejo de levar vantagens, mas até hoje não se encontrou a fórmula do equilíbrio, pois prevalecem interesses particulares desvinculados do progresso, querendo uns se sobrepor aos outros. O grande drama da humanidade é a falta de respeito ao mandamento de não prejudicar ao próximo para satisfazer a própria cobiça, o resto é vã filosofia humana.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e associado ao Rotary Club de São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros “ Conversando com o homem sábio”, “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”,“2012...e depois?” e “Desenvolvimento Humano”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

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