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Crianças pedem socorro

Por Paiva Netto (*) | 11/07/2014 13:28

A crescente violência no Brasil e no mundo tem chamado a atenção de todos. A cada dia aumentam os casos tristes e lamentáveis noticiados pela mídia.

Se ela hoje nos bate à porta, comecemos ontem, como muitos já o fazem, a luta pelos direitos da criança e do adolescente, contra a fome, as desigualdades e em prol da sustentabilidade. Empreendamos hercúleo combate à pior das carências, que atravanca o êxito de qualquer tentativa de transformação benéfica na Terra: a falta de solidariedade, de fraternidade, de misericórdia, de justiça; por conseguinte, a aridez do Espírito, do coração.

Em 2013, destacada pesquisa global, divulgada pela ONU, nos traz uma informação alarmante: “Todos os anos, entre 500 milhões e 1,5 bilhão de crianças sofrem algum tipo de violência no mundo. Mesmo com as estimativas mais conservadoras, grande número de crianças sofre seus efeitos físicos, mentais e emocionais, e outros milhões estão em risco”. Aqui temos apenas estatísticas oficiais e que desafiam a dignidade humana. Isso significa que o quadro deva ser ainda mais crítico e demande ação decidida e conscientização a partir das famílias, nas quais também ocorre a violência doméstica.

O dr. Cláudio Pita, formado em Direito pela Universidade Anhanguera, relatou à Boa Vontade TV que na infância e na adolescência vivenciou essa problemática. Mas soube, com o devido amparo, superar tudo isso. Hoje é diretor do Lar Nefesh, em São Paulo/SP, fundado por ele e que presta apoio às crianças e às famílias que passam por esses dramas. No seu entender, a sociedade tem papel indispensável na identificação dos casos de violência: “Às vezes, a coisa não está acontecendo na minha casa, ou na minha família, mas acontece ao lado. E a criança que está sofrendo tem medo de pedir socorro, tem receio de que o pai ou a mãe sejam presos e não quer desintegrar a família. Então, ela mesma acaba não pedindo ajuda. E é importante que as pessoas que estão ao redor estejam atentas, possam encaminhar ao conhecimento do poder público, ao Conselho Tutelar, na própria Vara da Infância e da Juventude, às autoridades policiais, para que eles tomem providência”.

O ilustre recifense Josué de Castro (1908-1973), médico, professor, cientista social, político e ativista brasileiro, que escreveu os respeitáveis “Geografia da fome” e “Geopolítica da Fome” e dedicou a sua vida ao combate à miséria, certa vez, afirmou: “Os ingredientes da Paz são o Pão e o Amor”.

Tenho dito que a estabilidade do mundo começa no coração da criança. Protegê-la é acreditar no futuro. Por isso, na rede de ensino da LBV, há tantos anos aplicamos a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, um esforço de Boa Vontade para aliar a Educação aos valores espirituais ecumênicos.

A jovem escritora judia-alemã Anne Frank (1929-1945) registrou em seu diário ideais pacíficos, mesmo sofrendo a pungência da Segunda Guerra Mundial. Seu corajoso testemunho afasta o pessimismo que só aumenta as enfermidades sociais dos povos: “Apesar de todos e de tudo, eu ainda creio na bondade humana”.
Façamos, pois, a nossa parte em prol de tempos melhores.

(*) José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

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