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Da ajuda humanitária

Por Heitor Freire (*) | 14/04/2011 06:02

O mundo todo está passando por situações dramáticas: tsunami e vazamento de usina nuclear no Japão, terremoto no Haiti, enchentes e desabamentos na região serrana do Rio, no Nordeste, em Minas, em Santa Catarina, em nosso estado, em nossa cidade.

Há um caos instalado. E ante essa situação calamitosa, a população naturalmente se lembra de Deus, buscando na religião um amparo para seus sofrimentos e suas dores, que não são poucos. E também do governo, em todas as esferas: municipal, estadual e federal.

E o que acontece? A sociedade de um modo geral, demonstrando um elevado espírito de solidariedade, une-se, organiza-se por intermédio dos clubes de serviço, das igrejas, da maçonaria, das entidades assistenciais, procurando contribuir com roupas, remédios e alimentos para atender a necessidade emergencial, premente, das populações atingidas por essas catástrofes.

E o governo? Aqui em nosso estado, recebemos a visita do ministro da Integração Nacional, que sobrevoou as regiões mais atingidas e declarou que liberaria uma verba de R$ 5 milhões, para ajudar no atendimento à população e na recuperação das estradas e ruas. Esse valor não dá para nada.

Absolutamente nada. Só Campo Grande, segundo o nosso prefeito, necessita de R$ 40 milhões para poder recuperar o que foi devastado pelas chuvas. E as outras cidades?

Segundo notícias veiculadas pelo Correio do Estado na sua edição do dia 11 de março, os estragos afetaram 16 cidades do nosso estado. Um levantamento feito prevê que “no total serão necessários R$ 160 milhões, conforme as avaliações preliminares de danos feitas pelas Coordenadorias da Defesa Civil”. E o governo federal libera R$ 5 milhões.

A alegação que mais se ouve é de que o governo federal não dispõe de recursos. Mas será verdade?

O que se observa é que não há dinheiro para atender as necessidades do povo brasileiro, porque para o Haiti, no ano passado, foram mais de R$ 120 milhões. Sem contar o que já foi liberado generosamente para Cuba, para a Bolívia e para os países africanos, que foram aquinhoados com grandes recursos, beneficiários de uma benesse do nosso ex-presidente, com critérios os mais variados e descabidos e que fez as doações por seu livre arbítrio, sem consultar ninguém, como se fosse o dono do cofre. Agora mesmo se noticia que o governo vai mandar dinheiro para o Japão. Para o Japão? Isso é pura pirotecnia, como diria o dr. Luiz Ovando.

Que o nosso governo aja com solidariedade com os países atingidos pelas catástrofes se aceita e se compreende. Mas que essa solidariedade se traduza em alimentos, remédios, roupas, etc. Porque o dinheiro, já se sabe, corre sempre o risco de ser desviado. E até hoje não ouvi falar em prestação de contas e de aplicação do dinheiro enviado.

Que as nossas Forças Armadas prestem serviços humanitários no Haiti só nos engrandece, dando assim uma contribuição verdadeira, inteligente, solidária, ao mesmo tempo em que preparam os nossos homens para serviços dessa natureza aqui no nosso país.

Eu não me lembro de ter assistido em Campo Grande uma chuva tão intensa e tão volumosa, em toda a minha vida. O que aconteceu em nossa cidade é realmente assustador.

Agora, uma coisa é o volume da chuva; outra é a qualidade, por exemplo, do asfalto que foi aplicado em nossas ruas. É revoltante ouvir o povo reclamar da precariedade das vias públicas e de todas as conseqüências decorrentes das chuvas.

O que o gestor não entende é que as críticas necessárias e úteis só contribuem para o aprimoramento das instituições, das suas funções e não são de ordem pessoal. Quando assume uma função pública, o administrador precisa saber que os seus atos serão objeto de crítica e apreciação, que muitas vezes não irão agradar-lhe. Como sempre está cercado pelos áulicos do poder que só lhe falam o que é agradável aos seus ouvidos, qualquer comentário fora disso deixa-o irritado e revoltado.

O homem que não aceita repreensões fracassará de repente e sem remédio (Cap. 29, v. 1 do Livro dos Provérbios do Rei Salomão).

É preciso mais do que nunca uma mudança de atitude, uma ação consciente e criteriosa de aplicação dos recursos públicos. O mau uso, quase sempre leva a resultados adversos, pois o que se observa é a falta de compromisso com o dinheiro público. Que precisa acabar.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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