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Democracia e “maria sem-vergonha”

Por Valfrido M. Chaves (*) | 15/01/2011 08:46

Todos conhecem a simpática e florida plantinha “Maria-sem-vergonha” ou “beijo turco”, de origem africana e bem adaptada em todo o Brasil. No popular, “dá em qualquer lugar”, não sei se, daí, a denominação de “Maria-sem-vergonha”.

Muito diferente é a plantinha cultural “Democracia” que, nos mostra a história, não dá em qualquer lugar, requerendo ainda zelos e cuidados especiais para não entrar em processo de “desvitalização”, mesmo após bem estabelecida.

No mundo ocidental aponta-se a Grécia Antiga como o “berço da Democracia”, o governo do povo, onde o poder está sujeito às Leis e convive com os direitos do cidadão.

A questão do poder é complexa. Veja o leitor que, entre tribos brasileiras, há relatos de que só após anos de convívio é que se iria descobrir quem era o “cacique”, o chefe. Não se conhecia a opressão, as coisas tinham seu lugar certo e o “tabu”, a cultura zelava pela organização tribal “perfeita”.

Mas assim como a Democracia Grega convivia com a escravatura e apenas “os Iguais” participavam da Assembléia, no mundo indígena, sem opressão, tínhamos o festim canibalístico, o assassinato de crianças. Entre os Guaicurús, alguns filhos eram mortos, outros escolhidos para serem travestis e cumprirem algumas funções tribais.

Assim é o mundo, vasto mundo, caro leitor. Misturar Democracia com cultura tupinambá e guaicuru é meio caminho andado para um “samba do crioulo doido”, mas vamos em frente que atrás pode vir o patrulhamento politicamente correto, já que falei “crioulo” , sugerindo ainda que o mundo indígena não era o “paraíso terreal”.

Mas voltando à democracia, a que não dá em qualquer lugar: logo após Juscelino, padrão de tolerância e respeito aos cidadãos, quando vivemos a ilusão de que tínhamos uma democracia sólida, ditos conservadores e esquerdistas somaram para que ingressássemos no clube das republiquetas sul-americanas com ditaduras militares.

Golpe ou contra-golpe, se a gloriosa foi um mal necessário, teve seus dias de glória mas acabou virando um "festival de besteira que assola o país", uma “m.” de tristes lembranças. Superamos essa fase, há décadas ninguém desaparece ou leva bordoadas por gritar “abaixo a ditadura”. Um operário se torna Presidente, faz seu sucessor e afirma que “agora a senzala entrou na casa grande”.

Infelizmente afirma também que vai provar que o Mensalão não existiu, que foi um golpe contra seu governo, que os cumpanhero envolvidos devem ser resgatados. Nada se diz sobre o dinheiro misterioso para o pagamento do "dossiê fajuto" contra o Serra, foi só um alopramento dos amigos do peito.

Dá refúgio a um assassino italiano, porque suas motivações eram políticas e seria, por isso, perseguido na Itália. Uma piada de péssimo gosto, num mundo contraditório, mas vamos em frente que atrás vem gente precisando de combustível verde, proteína, fixação de Carbono, reflorestamentos, necessidades que podemos socorrer com uma das mãos nas costas. Mas que nunca, dependemos mais de nós mesmos, nosso povo trabalha como poucos, embora tenhamos uma organizadíssima campanha para não reconhecermos nossos méritos.

Campanhas com laivos terroristas por uma reforma agrária medieval, recebe recursos públicos. E isso leitor, tudo, convivendo com a herança maldita que persiste, do desprezo pela educação do povo, perpassando por governos burgueses e populares. Mas que o tráfico educa muito bem, dentro lá de seus objetivos. Agora, falando sério: seria esta uma situação ainda sob controle ? Seria reversível? Só lembrando o Rosa: “Viver é perigoso! Quem há dê”?

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista e escritor.

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