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Deus é brasileiro

Por Jane Resina F. de Oliveira (*) | 19/05/2011 06:03

Presenciamos na última semana, fato curioso e até mesmo inacreditável para nós brasileiros, posto que seria muito difícil acontecer no nosso País, procedimento idêntico. Como é de conhecimento público, ocorreu a prisão do diretor-gerente do FMI, o francês Dominique Strauss-Kahn, nada mais do que o número 1 daquela instituição.

A prisão ocorrida em Nova York-USA, após o quê, como efeito cascata abalou a Europa, o Euro e o Mercado de Ações, tudo isto em razão de uma tentativa de estupro de uma camareira no hotel, onde o mesmo estava hospedado.

Sem entrar no mérito da culpabilidade ou não, é de se indagar: Será que se tal fato tivesse ocorrido em nosso País, os órgãos responsáveis pela apuração de tal fato e conduta, agiriam com tanta rapidez e presteza? Será que o suspeito ainda estaria aprisionado?

A Justiça Americana demonstra, não somente nesse caso, mas em outros da mesma envergadura, que lá a punição existe, independentemente da classe social ou cargo, o que faz com que o cidadão acredite na justiça daquele País, sabendo que, se a lei não for cumprida, a punição será certa.

Aqui somos bombardeados com notícias do tipo: “Os pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que estavam no jato Legacy que se chocou contra um avião da Gol, no acidente que aconteceu em 2006 e causou a morte dos 154 ocupantes do avião da Gol e todos que estavam no Legacy saíram ilesos; foram condenados nesta segunda-feira a prestar serviços comunitários pelo crime de atentado contra a segurança do transporte aéreo.

Cabe recurso à decisão”.(http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/916685-pilotos-do-legacy-sao-condenados-pelo-acidente-com-aviao-da-gol.shtml);

No site do estadão.com.br, na matéria “Cinismo e impunidade”, Carlos Alberto Di Franco, diz que no dia 27 de março de 2011, “três reportagens, em jornais de referência nacional, abordaram temas de impunidade no nosso País: O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo, cada um com pauta própria, mostraram o tamanho da impunidade que algema a cidadania. Revelaram, dramaticamente, a incapacidade do Estado de punir os crimes e os malfeitos.

O Estado focou suas baterias no mensalão. A Folha mostrou que empresas abertas em nome de outras pessoas (laranjas) são frequentemente usadas por especuladores, igrejas e políticos para obter concessões de rádio e TV em licitações do governo federal. O Globo, em sólida reportagem especial, traçou um retrato de corpo inteiro das fraudes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Criado em 1990 para assegurar o pleno atendimento médico-hospitalar à população, o SUS, cantado por Lula como um dos melhores do mundo, transformou-se num dos maiores ralos da corrupção”.

(http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110404/not_imp701330,0.php)

Sem falar nas reportagens e denúncias do nosso Estado - Mato Grosso do Sul –onde quase diariamente são divulgadas noticias que em outros Países seriam capazes de não ter lugar para deter tantos envolvidos, mas aqui “sequer” abalaram os poderes envolvidos ou ao menos deixaram quem quer que seja, no mínimo ruborizados.

Tudo isso decepciona, desencanta e desanima, pois a moral, a justiça, a honestidade tem tido seu preço, sendo que está cada vez mais difícil, transmitir valores e princípios para os nossos filhos e futuras gerações, diante de quadro tão severo de corrupção, impunidade e desmantelamento dos poderes.

Como brasileiros que somos, amorosos, solidários, otimistas, acreditamos que as coisas vão melhorar. Mais uma vez, vamos torcer que isso ocorra, mas não devemos esquecer que a culpa por tal situação é de cada um de nós, pois não há qualquer envolvimento da comunidade e do cidadão cobrando responsabilidade e apuração dos delitos anunciados.

Quando algo ocorre, cruzamos os nossos braços e nos limitamos aos comentários banais em grupos fechados, pois sabemos que “Deus” é brasileiro e não irá desamparar os seus filhos.

Que assim seja!

(*) Jane Resina F. de Oliveira é advogada, pós graduação em Direito Empresarial UCDB/MS.

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