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Dia 22 de abril

Por José Tibiriçá Martins Ferreira (*) | 21/04/2011 07:03

O Brasil, segundo os historiadores, foi descoberto no dia 22 de abril de 1500, isto aprendemos nas primeiras aulas de história que nos foram ministradas nos bancos escolares. Era dia de feriado, havia festividades, se lembrava dos feitos da esquadra portuguesa por nossos professores.

Em 2008, visitei o Mosteiro dos Jerônimos em Lisboa, onde existe um museu e nele, encontrei as estátuas de Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama e Pero Vaz de Caminha. Nas margens do Rio Tejo, caminho de entrada do Oceano Atlântico um Monumento homenageia os navegantes.

Segundo relatado nos manuscritos, a expedição organizada pelos portugueses, a pedido do Rei Dom Manuel, tinha como objetivo repetir o feito de Vasco da Gama, chegando às Índias em busca de metais preciosos, como o ouro, a prata e outras especiarias.

Decorridos mais de quinhentos anos, não se sabe com certeza porque Cabral desviou tanto a oeste, talvez para se evitar o Cabo das Tormentas, depois batizado de Cabo da Esperança. Sabemos apenas que, se não fosse a teimosia, a coragem portuguesa em descobrir novos lugares, o que foi chamado depois de novo mundo, muitos de nós não estaríamos aqui.

Após muitos dias de viagem, Pero Vaz de Caminha escreveu em seu relatório: “ouviu-se um grito de terra vista”, era um monte que foi batizado de Monte Pascoal, pois era num dia de páscoa. Como eram cristãos, deu-se o primeiro nome à terra descoberta de Terra da Santa Cruz, cujo nome leva hoje a cidade de Porto Seguro na Bahia.

O litoral brasileiro era rico em pau-brasil, motivo que passou a chamar-se Brasil. Ao se construir a capital brasileira em 1960, recebeu o nome de Brasília, que em latim significa Brasil. Aprendi o latim cursando a quinta série no Seminário Santo Antonio em Rio Brilhante, através do nosso mestre Frei Eucario Schmitt. Frase latina: Brasília terra est. = O Brasil é um País.

Pero Vaz Caminha ao rei de Portugal descreveu detalhes da viagem, sobre os índios, a terra, fez esta observação: aqui tudo se plantando, dá. No período em que estive em Portugal, pude verificar in loco, de norte ao sul, de oeste a leste que ali se aproveita todo o espaço, ninguém passa fome, se cultiva muita coisa, hábito que deveria ser adotado pelos agricultores brasileiros, seus filhos, tanto na zona rural, como para aqueles que vivem na cidade. Em nossa cidade existem lotes baldios, casas ocupadas com grande área, onde cada um poderia ter sua horta, ao menos o básico, porém poucos têm vocação para tal, é mais fácil ir lá aos supermercados, feiras e comprar as hortaliças.

Lá nossa família ainda tem um pequeno imóvel deixado por meus avós paternos ao virem para o Brasil, trabalhar na construção da ferrovia noroeste em 1917, logo após o término da primeira guerra mundial. Chegando aqui só encontraram animais selvagens, doenças, muitos morreram de moléstia, sua velha casa de pedra lá deixada, não foi invadida por ninguém, foi me entregue depois de 91 anos, cujo hábito nosso povo poderia adotar, o tão falado respeito à propriedade. No pequeno espaço existe uma vindima centenária, cuja colheita acontece no mês de outubro, minha prima Angelina dos Santos Martins, 80 anos e seu esposo João José Ferreira, 83, fazem o vinho, do seu bagaço, a bagaceira, a aguardente ou pinga, isso em Mata de Lobos, região nordeste, na divisa com a Espanha.

Nessa freguesia tem um marco onde aconteceu a batalha de Salgadela, onde é narrada história em que os Matenses expulsaram os espanhóis definitivamente, isso em 7 de junho de 1664.

Em sua carta transcrita Pero Vaz de Caminha, li que o primeiro contato com os índios tupiniquins aqui, de origem tupi-guarani, aconteceu no dia 23 de abril e houve troca de objetos e cortesias. A primeira missa celebrada foi justamente no dia 26 de abril, domingo de páscoa, cuja cena foi reproduzida em quadros, simbolicamente com índios observando o ritual.

Muitos cidadãos portugueses foram deixados em nossa terra, dizem até como punição por terem praticado delitos em Portugal, é contado por alguns historiadores, mas muitas pessoas de boa índole também vieram, assim começou a nossa civilização, inicialmente onde portugueses constituíram família despojando as índias, formando o grupo de mamelucos.

Eu sou um produto dessa união, como muitos, por isso temos que dar valor à cultura indígena, numa maior integração. Da união da raça negra com a indígena surgiu o cafuzo, da raça negra com a branca o mulato e da indígena com a branca o mameluco. Estas foram as primeiras miscigenação, são os verdadeiros brasileiros.

Os índios sim foram os primeiros habitantes e para homenagearam adotaram como data oficial para homenageá-los o dia 19 de abril tendo o presidente Getúlio Vargas assinado o decreto-lei 5540 em 1943, relembrando o dia em 1940 em que várias lideranças indígenas do continente, resolveram participar do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México.

Eles haviam boicotado os dias iniciais do evento, temendo que suas reivindicações não fossem ouvidas pelos "homens brancos". Durante este congresso foi criado o Instituto Indigenista Interamericano, também sediado no México, que tem como função zelar pelos direitos dos indígenas na América.

O Brasil não aderiu imediatamente ao instituto, somente após a intervenção do matogrossense Marechal Candido da Silva Rondon que apresentou sua adesão, instituindo-se o Dia do Índio no dia 19 de abril. Esta data, como a do descobrimento do Brasil são muito importantes para quem gosta do Brasil, um marco histórico para nosso país, todo continente americano e para o mundo.

Pelo fato do Brasil ter paz, um céu azul, matas verdes, o ouro que hoje representa as outras riquezas, na sua bandeira, essas cores foram retratadas em nossa bandeira. É nossa obrigação amá-la, defendê-la e nunca ninguém poderá incinerá-la sob o pretexto de que parte do povo brasileiro foi escravizado. Para incinerá-la tem o seu dia, 19 de novembro, mas numa solenidade especial presidida pelas unidades militares.

Fala-se muito em escravidão no Brasil. Será que os índios não foram escravizados? Os portugueses, os italianos, os alemães, os japoneses e outros povos que constituem a miscigenação brasileira não foram escravos também? Foram submetidos a trabalhos forçados, muitos até em troca da comida e ninguém reclama.

Se algo errado aconteceu no passado, a bandeira brasileira não tem culpa disso e o ato de vandalismo promovido por Paulo Sergio Ferreira contra a Bandeira na Praça dos Três Poderes, queimada pelo dito cidadão durante protesto na manhã de uma quarta-feira, em 13/04/2011, é um ato contra todos nós. O que aconteceu em Brasília, poderá alimentar em nosso país um ódio entre as várias raças. Existem alguns países interessados em nossas riquezas, muita gente está fazendo vista grossa, o que eles querem é a divisão do nosso país e terceiros tirarem proveito.

O Brasil é o melhor país para se viver, apesar de existirem corruptos, um modelo que foi trazido de fora, por muitos imigrantes, inclusive por terroristas recentemente. Esperamos que nossos governantes tomem uma posição séria, se não, chegaremos ao caos, onde qualquer movimento acha-se no direito de ocupar prédios públicos, destruí-los como já aconteceu no Brasil.

Devemos amar o nosso país e defendê-lo com ações, dando educação aos jovens, condição digna de vida, pagamento de um bom salário aos nossos mestres. Não adianta dar o peixe de graça, mas deve-se ensinar a pescar. Não vamos tomar como exemplo o município que outrora era chamado de Favo e Mel, ex-distrito de Dourados, cuja prefeitura está entregando à população gratuitamente o peixe.

Vamos tomar como exemplo Dourados, Mato Grosso do Sul, onde sua população participa com euforia da festa do peixe há treze anos no Parque Antenor Martins e o produtor tem oportunidade de vender o seu peixe a preços acessíveis, ajudando a movimentar a economia local.

(*) José Tibiriçá Martins Ferreira é advogado.

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