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Dia do Professor – reconhecimento aquém do necessário

Por Virgílio Caixeta Arraes (*) | 15/10/2016 09:50

Em menos de cem anos, vultosas crises econômicas, a despeito da localização da origem, contribuíram de maneira significativa para a substituição – às vezes, institucional – de titulares de ao menos quatro mandatos presidenciais no Brasil.

Em um quadro de grave turbulência, em que a expectativa de crescimento é, embora desejada, observada com cautela, aguarda a sociedade local a forma a ser adotada pela gestão no poder com o propósito de minorar no curto prazo os efeitos sociais mais adversos.

Em termos históricos mais recentes, o posicionamento do Partido Democrata, a partir de 1933, é a maior referência, ao ter estimulado de modo simultâneo o desenvolvimento econômico e a geração de empregos, notadamente entre a população mais desvalida.

Nesse sentido, contou a administração da Casa Branca, em um primeiro momento, com o especial auxílio do professorado de Columbia e, mais adiante, com o de Harvard. Desta forma, colaborou-se de forma incisiva para a estruturação do programa New Deal.

A ideia de recorrer à notável ajuda da intelectualidade, congregada no caso citado em duas tradicionais universidades, valoriza a perspectiva do chamado capital intelectual, conceito no qual se ressalta, em linhas gerais, a importância da formação educacional e das atividades de fomento à pesquisa de um país.

Em decorrência da desfavorável situação que atravessa o Brasil há alguns anos, existe um progressivo hiato entre a demanda coletiva por bem estar social e a incapacidade de satisfazê-la a contento, haja vista o estado deteriorado da economia e também da política, caracterizado por inflação ascendente, desemprego crescente, destinação significativa de recursos para o pagamento de juros da dívida pública e, por último, contínuas investigações de vastas denúncias de corrupção relacionadas a diversos segmentos do poder público.

Assim, diante disso, não poderiam as instituições federais de ensino superior – como a própria Universidade de Brasília – contribuir, sem sombra de dúvida, para a formulação da estratégia direcionada para a utilização mais apropriada dos poucos meios disponíveis para os próximos anos? Não poderiam elas cooperar para identificar o grau mais adequado de prioridades?

Não obstante o tratamento insuficientemente acolhedor concedido aos professores e técnicos de educação nos últimos anos, se comparado ao de outras carreiras do serviço público em itens como remuneração e condições de trabalho, não há dúvida de sua importante contribuição para a formação profissional e para o aprimoramento intelectual da sociedade, pontos imprescindíveis para elevar o país ao patamar das sociedades mais desenvolvidas socialmente.

Deste modo, apesar das adversidades do dia a dia, compõe o professorado universitário uma das categorias mais habilitadas a impulsionar o crescimento do país. Por isso, a área da educação merece mais incentivos, não restrições, conforme se debate hoje no Parlamento.

(*) Virgílio Caixeta Arraes é professor do Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília e presidente da Associação dos Docentes da UnB (Adunb). 

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