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Doutor Aral Moreira e Rafael do Big Brother

Por José Tibiriça (*) | 10/04/2012 14:41

A cidade de Aral Moreira, Mato Grosso do Sul ficou conhecida nacionalmente, até no exterior, devido à participação do seu filho, o Médico Veterinário Rafael Alves Cordeiro na décima segunda edição do Big Brother. Esta palavra no português cujo significado é “Grande Irmão". "Big Brother" no original é um personagem fictício no romance de George Orwell de 1984. Assim a alusão ao Big Brother hoje, desde a publicação de Nineteen Eighty-Four, a expressão "Big Brother", é usada para descrever qualquer excesso de controle ou autoridade por uma figura ou tentativas por parte do governo de aumentar a vigilância.

“Na sociedade descrita por Orwell, todas as pessoas estão sob constante vigilância das autoridades, principalmente por teletelas (telescreen), sendo constantemente lembrados pela frase propaganda do Estado: "o Grande Irmão zela por” ti" ou "o Grande Irmão está te observando" (do original "Big Brother is watching you").

O comportamento das pessoas é muito importante em qualquer local, quando sai da regra pode vir o pior, como aconteceu com o primeiro participante excluído por ter feito algo não recomendável, visto que vivemos ainda numa sociedade de regras de bons costumes. Quanto ao representante sul-mato-grossense, filho de uma pequena cidade fronteiriça, só chegou à final porque nasceu numa família de bons costumes, cujo comportamento surpreendeu a todos, devido à sua idade, um jovem médico veterinário de apenas 25 anos.

“O "caubói", como ele era chamado no reality show da Rede Globo, tem 25 anos, é veterinário e trabalhava com animais em uma fazenda na sua cidade natal, Aral Moreira (MS)

Essa vitória foi muito importante para o nosso estado, visto que mostrou que temos muitas coisas boas para mostrar para o Brasil, quiçá ao mundo, somos um estado novo, potente na agricultura e pecuária. Que aqui nossos jovens são praticantes do laço, usam chapéu e dos bons. Como dizia meu avô Chiru, gaúcho de São Broja-RS, que gostava de andar a cavalo: meu filho, quando montares um cavalo ele tem que ser esbelto, bem arriado e o cavaleiro deve portar um bom chapéu, porque ambos devem estar iguais.

Chapéu de palha é mais usado nas atividades pastoris e no plantio da roça, ele então estava certo, pois boné é algo da gurizada, daqueles que não têm um estilo próprio, coisa de americano do norte, exportado para o Brasil.

Tanto se falou no Município de Aral Moreira, devido à vitória do Rafa no Big Brother que resolvi tecer alguns comentários sobre o nome da pessoa que após a sua morte, virou nome de município. O nome da nova cidade é uma homenagem póstuma ao Dr. Aral Moreira, advogado, pecuarista, político e jornalista, filho de Manoel Moreira e Josefina Trindade. Nascido em Aquidauana, a princesa do pantanal em 20 de agosto de 1898, onde iniciou seus primeiros estudos. Concluiu na cidade do Rio de Janeiro o curso ginasial no Colégio Dom Pedro II, permanecendo ali até se formar em Direito.

Regressou ao então Estado de Mato Grosso, indo residir no município de Ponta Porá, onde casou-se no dia 01 de março de 1926, aos 28 anos de idade, com Erothildes Saldanha, filha de Balthazar Saldanha e Alzira Marques Saldanha. Dessa união, nasceu o filho Eraldo Saldanha Moreira. Dr. Aral Moreira foi prefeito de Ponta Porã por um mês, de 23 de janeiro de 1928 a 23 de fevereiro de 1928. Além de advogado, destacou-se como pecuarista, ervateiro, jornalista e político na região de fronteira, por onde foi eleito Deputado Federal com 4.616 votos, sendo a terceira maior votação no estado, ou seja, l4,01% dos votos de seu partido. Faleceu em 06 de novembro de 1952, no exercício do cargo de Deputado Federal.

Segundo historiadores, quando começaram o desbravamento do Município de Ponta Porá, iniciou-se pela região de Aral Moreira e foi ali que em 1883 Thomas Laranjeira instalou suas ranchadas à margem direita do Rio Verde, nas proximidades da atual Vila Caú, fundando a Cia. Mate Laranjeira, iniciando a exploração da erva mate. Deu-se o inicio ao Ciclo da Erva-Mate no sul do Estado, que duraria mais de 60 anos, sendo que inicialmente o número de brasileiros na região era pequeno. A maior parte da mão-de-obra empregada na extração de erva-mate era paraguaia e no final do Século XIX famílias rio-grandenses, fugindo da revolução, chegaram ao município, maravilhados com os vastos campos que encontraram, então deram inicio à atividade do pastoreio na região.

Na década de 1940, em pleno Século XX, o Município recebeu nova leva de famílias vindas do Rio Grande do Sul, sendo que anteriormente vieram os Marques, os Freire, os Maciel e outros. Depois chegaram os Cardinal, os Portela, os Bataglin, entre outros, sendo estes os pioneiros na colonização do futuro município de Aral Moreira.

Depois da maré sempre vem a bonança e assim logo após a 2ª Guerra Mundial, a pecuária sobrepujou a erva-mate em importância econômica, devido ao corte das importações da erva-mate pelo governo da Argentina, sendo que esta atividade entrou em declínio na região.

A área do Município, a partir de 13 de dezembro de 1943 passou a fazer parte do Território Federal de Ponta Porá, pelo Decreto-Leite no 5.812, sendo reintegrado ao Estado de Mato Grosso em l8 de julho de 1.946. Foi na década de 1950, quando o presidente Getúlio Vargas criou a Colônia General Dutra, marco da importância do desenvolvimento da região, mas infelizmente a distribuição das terras inicialmente foi feita com objetivos políticos.

No dia 15 de dezembro de 1953, através da Lei no 702 foi criado o Distrito de Paz do Rio Verde do Sul, com sede na então Vila de Rio Verde, atual Vila Caú. A partir de 1970 começaram a chegar paranaenses e rio-grandenses ao distrito de Rio Verde do Sul, dentre elas as famílias Soligo, Bonacina, Dall'Algnoll, Cerruti, Pierezan, David, que influenciaram muito no progresso e desenvolvimento da futura cidade de Aral Moreira.

O progresso da região foi muito rápido e com isso desenvolveu-se muito bem a pecuária e a agricultura, passando Aral Moreira de Distrito a Município em curto espaço de tempo. Seu primeiro nome foi Rio Verde do Sul, teve como sede a Vila Caú. Quando da emancipação política do Município, o Distrito de Vila Fronteira Rica, por sua densidade populacional foi escolhido como sede da cidade que estava nascendo. No dia 02 de maio de 1974 foi realizado um plebiscito, uma consulta popular para saber se a população de Aral Moreira, antigo Distrito de Rio Verde, queria desligar-se politicamente de Ponta Porã. O resultado do plebiscito foi favorável e a cidade obteve a sua emancipação político-administrativa através do Decreto Lei No 3686, de 13 de maio de 1976 e ficaram sob a sua jurisdição os Distritos de Rio Verde do Sul e Vila Marques.

Dr. Aral Moreira foi o advogado que fez o inventário da área de terras da Fazenda São Domingos, localizada no Distrito de Picadinha, Município de Dourados, lavrado no Cartório do Registro Civil de Dourados. Encontrei o presente texto que se encontra à página 805 do terceiro volume: “Em 18 de maio de 1937, no Cartório de Paz de Dourados, foi assinado um Termo de Compromisso. No qual delegou ao Dr. Aral Moreira, a responsabilidade de inventariante das terras de Dezidério. Estavam presentes no ato: Francisco Mattos Pereira, primeiro Juiz de Paz em exercício e o proprietário do Cartório; Athanagildo Monteiro, adjunto de Promotor; Dr. Aral Moreira, inventariante dos bens deixados por Dezidério Felippe de Oliveira,”conforme procuração que exibiu de dona Maria Cândida Baptista de Oliveira, viúva do mesmo”. No referido Termo de Compromisso consta que: “pelo duto senhor Juiz foi deferido o solemne e publico compromisso de, na forma da Lei, bem e fielmente, sem dolo nem malicia, exercer o cargo de inventariante dos bens deixados por Desidério Felippe de Oliveira (....). Esta certidão foi transcrita pelo Oficial de Registro Civil e Tabelião de Dourados, Carlos Eduardo Gieseler”.

Lembrar sempre é bom, afinal este ano teremos eleição em Dourados e devemos sempre ficar alertas: Como começou esta farsa? O conflito originou-se a partir de 24 de fevereiro de 2005, através de um requerimento endereçado à Superintendência do INCRA, em Mato Grosso do Sul, quando seis descendentes de Desidério de Oliveira se autodefiniram remanescentes das Comunidades dos Quilombolas, com base no Decreto no 4887, de 20/11/2003, assinado pelo Presidente Luís Ignácio Lula da Silva.

Essa idéia foi implantada na Picadinha na administração do Prefeito Laerte Tetila, onde havia um núcleo que tratava de assuntos atinentes às comunidades negras, cuja cópia do requerimento consta à página 5/6 do primeiro volume do relatório de regularização fundiária, cópia que tenho guardado nos meus arquivos. O processo está na fase administrativa, no grau de recurso, mas esta artimanha nesses sete anos já trouxe muito prejuízo aos produtores, pois caiu o preço da terra.

Quem vai conseguir vender algo que ainda não tem uma definição, cabendo lá na frente o socorro ao STF.

Cuidado: este ano tem eleição municipal, eles querem retornar ao poder e não podemos deixá-los mudar nossa história, que foi construída com muito sacrifício. Estamos preparados para enfrentá-los combatendo com um bom combate, não com armas, invasões, mas com idéias: Ordem e Progresso, esta frase está escrita na nossa Bandeira.

Quanto à vitória de Rafael Alves Cordeiro, à sua frente está o começo do sucesso, onde com sua timidez, simplicidade representou bem o nosso estado.

O médico veterinário ali chegou de chapéu, calça jeans, bota, traje do ruralista do centro-oeste e surpreendeu o Brasil. O dinheiro que recebeu dá para comprar apenas 100 alqueires lá em Aral Moreira, módulo médio de fazenda em nossa região, pois a terra ali é valorizada. Ele não é ainda milionário lá, mas já conquistou a fama e mais dinheiro.

Na sua chegada a Campo Grande, até o prefeito, o governador e um vereador com um chapéu na cabeça foi recebê-lo. É um momento em que os políticos não podiam perder, afinal era uma oportunidade para aparecerem e estarem ao lado dos eleitores. Imagino que a chaira e a faca que lhe foi presenteado pegou bem ao seu jeito campesino.

Para ganhar muito dinheiro o horizonte se apresenta à sua frente. Sugiro a ele que crie uma grife com o modelo de chapéu que se apresentou no programa e com o qual retornou à sua cidade natal. Os jovens da cidade poderão aderir à moda.

Para quem não sabe, ele se formou médico veterinário na UNIGRAN, onde me formei advogado, colando grau na primeira turma de direito em 29/08/1980, no Cine Teatro Ouro Verde.

Ficou assim comprovado que é importante ser humilde, ter berço, ser um bom profissional para representar bem uma região para chegar ao Podium.

Parabéns Dr. Aral Moreira, parabéns Dr. Rafael Alves Cordeiro.

Dourados-MS, 09 de abril de 2012.

(*)José Tibiriçá Martins Ferreira, advogado, proprietário rural e Secretário Geral do PSD em Dourados-MS.

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