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É hora de abolirmos o preconceito

Por Edinho Silva (*) | 16/05/2011 08:39

Este 13 de Maio marcou 123 anos da abolição da escravatura no Brasil. Nesse período, porém, o país não conseguiu, de fato, libertar sua população afrodescendente do estigma do preconceito. Hoje, o negro ainda se depara com barreiras inaceitáveis para o acesso à educação, ao trabalho, à saúde e ao lazer. Infelizmente, as garantias previstas no art. 5º da Constituição Federal ainda não valem para a maioria dos afrodescendentes, embora sejam eles, hoje, a maior parte da população brasileira.

O governo do presidente Lula desencadeou um esforço sem precedentes pela inclusão do negro no país. Estimulou a política de cotas nas universidades, criou a Secretaria da Igualdade Racial, instituiu história afrodescendente como disciplina obrigatória no ensino fundamental. Com o programa Bolsa Família, promoveu a inclusão social de milhões de famílias compostas de negros e descendentes, historicamente, as principais vítimas da exclusão social no Brasil.

A situação hoje é melhor, mas o país ainda precisa avançar muito nessa questão. Penso que uma das principais tarefas é promover o combate ao preconceito. Integrar os afrodescendentes com a outra parte da nossa população é fundamental para que o Brasil atinja um estágio de desenvolvimento realmente benéfico a todos os brasileiros.

Essa divisão tem provocado prejuízos significativos ao país, que não consegue avançar nos índices de desenvolvimento humano estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). O maior obstáculo está nos números apresentados por pesquisas como a do IBGE, que mostra que mulheres negras morrem sete vezes mais durante o parto porque recebem menos anestesia. Ou na constatação do Ministério da Justiça, por meio do Mapa da Violência 2011, que aponta maior incidência de morte entre jovens negros no país.

A valorização do negro é fundamental para eliminar as barreiras ao desenvolvimento econômico e social pleno não só do Brasil, mas de outros países. Não à toa, a ONU instituiu 2011 como o Ano Internacional dos Afrodescendentes, uma forma de estimular o debate e a conscientização em torno de questões cruciais à evolução das nações.

Como prefeito de Araraquara, tivemos uma experiência marcante em relação ao preconceito contra o negro. Instituímos o dia 20 de novembro como o “Dia da Consciência Negra". Nossa proposta não foi criar um dia de descanso, mas motivar a reflexão, estimular o debate em torno da questão racial no país. E todos sabemos, a resolução dos problemas nacionais começa no município, no espaço de convivência diária das pessoas.

O Dia da Consciência Negra em Araraquara veio como complemento a uma série de medidas adotadas em nossa administração visando à valorização da população afrodescendente, como a criação do Centro Afro, que coordena as ações de inclusão do negro em setores como educação, saúde, lazer, cultura, no município.

O sentimento de inclusão é fundamental para reduzir a distância entre negros e brancos e foi justamente isso que levou as pessoas a se declararem negras ou afrodescendentes no último Censo do IBGE. O presidente Lula levou o negro para o ministério, indicou negro para ministro do STF, negros foram eleitos governadores e muitos outros ganharam destaque como executivos de grandes empresas ou se destacaram em papéis no mundo dos artistas ou dos esportes.

Porém, a conscientização é vital para a consolidação do Brasil como um país em que todos tenham direitos e oportunidades iguais. Nesse 13 de Maio, cada um de nós deve olhar para dentro de si e verificar que o respeito à diferença é o primeiro e decisivo passo rumo à liberdade e à integração entre as pessoas.

(*) Edinho Silva é presidente do PT do estado de São Paulo, deputado estadual e ex-prefeito de Araraquara (2001-2008).

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