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Educação financeira: com desemprego como as famílias devem se organizar?

Por Lélio Braga Calhau (*) | 24/10/2015 14:00

O mercado de trabalho passa por um momento difícil. Para termos ideia, vamos aos números quanto ao aumento da parcela de lares onde ninguém trabalha. Em 2012, ela correspondia a 17,4%. O número subiu para 18,6% em 2014 e já chega a 19,3% no primeiro semestre deste ano. Neste cenário, reconhecer que se está em situação de endividamento não é fácil. Tudo que é ruim nos causa dor. É tão fácil hoje usar as linhas de crédito mais caras, como cartão de crédito e cheque-especial, que tendemos a achar que está "tudo sob controle", mesmo quando temos dívidas que nunca terminam. E com o desemprego essa situação fica ainda mais complicada.

Um recente curso organizado pelo PROCON carioca promoveu a capacitação de consumidor no tocante à sua educação financeira. O evento está disponível gratuitamente no canal da instituição no Youtube e recomendamos acompanharem as interessantes publicações.

Um dos momentos que me chamou a atenção nesse evento foi o testemunho de um consumidor, sobre um detalhe que poucas pessoas refletem no seu dia a dia, mas que é essencial para não se perder o controle financeiro. As pessoas, muitas vezes, não sabem se adequar a um novo momento financeiro negativo, causado por uma demissão, aumento de despesas, doença, ou qualquer outro motivo.

Quando há uma queda brusca na receita, no geral, as pessoas não adotam medidas rápidas e com a mesma proporcionalidade para se adequar ao novo momento. Ou seja, caiu 15% a receita, deve se reduzir imediatamente 15% o padrão de consumo. Quando isso acontece, muitas vezes, o consumidor fica tentado a achar que o problema não é grave. Ele usa, então, o cartão de crédito para empurrar o problema para a frente. Depois, a dívida acaba se tornando uma "bola de neve" e fica difícil de ser paga.

Ou seja, quando há uma queda brusca de receita, as pessoas não baixam imediatamente o seu padrão de consumo de forma proporcional a essa queda. Então, as pessoas acabam utilizando as "facilidades" de linhas de crédito mais caras e não conseguem sair das dívidas depois. Em pouco tempo, estão superendividadas e daí para a insolvência, quando não possuem reservas, é um perigo muito próximo.

Fique atento a esse detalhe. Você é o gerente do seu equilíbrio financeiro. Converse com toda família sobre uma eventual perda de poder aquisitivo e incentive a cooperação de todos para um novo momento. Quando a situação melhorar e houver a respectiva "reserva de emergência ", todos se beneficiarão novamente. Haja rápido, quando houver necessidade, e não deixe o endividamento crescer e te pegar de surpresa. Seu bolso agradecerá!

(*) Lélio Braga Calhau é Promotor de Justiça de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas Gerais. Graduado em Psicologia pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UFG-RJ e Coordenador do site e do Podcast "Educação Financeira para Todos".

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