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Emprego e empregabilidade

Por Luiz Gonzaga Bertelli (*) | 02/10/2011 07:00

O que mais contribuiu para a melhora da qualidade de vida do brasileiro de baixa renda constatada nos últimos anos? Essa pergunta motivou a consultoria Quorum Brasil a ouvir o que a classe D teria a falar. O resultado não deixa de ser preocupante, ainda que compreensível: enquanto quase 40% dos entrevistados destacam, como avanço mais relevante, a obtenção de emprego, com salário mensal e benefícios, apenas 16% creditam a melhora ao maior acesso à educação.

Por décadas, o país lutou contra altas taxas de desocupação e, quando os segmentos menos favorecidos se viram próximos ao pleno emprego, parece-nos natural a sobrevalorização do trabalho a outros fatores de inclusão social. É o que delineia outro percentual do estudo, aquele que analisa o destino da renda dessa população. O principal gasto vai para moradia, alimentação, água, luz e telefone (52%), seguido por cartão de crédito e prestações em lojas (23%), transporte (10%) e, em quarto lugar, educação (8%), à frente apenas de saúde e lazer (7%).

Essa postura reflete, sim, uma melhora no consumo de bens básicos com a perenidade do emprego e do salário, mas pode redundar também em imobilismo social. Isso porque a ascensão profissional nunca se dissocia da progressão dos estudos, como se viu claramente na formatura da 25ª turma do Programa de Alfabetização e Suplência Gratuita de Adultos que o CIEE promoveu no início de setembro, como parte de suas ações de assistência social. O orador da turma foi Rogério de Souza Ferreira, de 49 anos, que confessou somente ter percebido a necessidade de voltar a estudar quando se candidatou a um posto de trabalho melhor e este requeria o diploma de ensino médio.

Quando se trata de inclusão e sucesso profissional, tudo só reforça o valor assistencial do estágio e da aprendizagem, por serem atividades que promovem o casamento das atividades laborais práticas aos conhecimentos teóricos obtidos nos bancos escolares, para os estagiários, ou nos cursos de capacitação técnica ministrados por entidades certificadas como o CIEE, no caso dos aprendizes. Ou seja, mais do que abrir as portas do mercado de trabalho, essas experiências servirão como base para a conquista de postos mais altos e como estímulo para o contínuo aperfeiçoamento da empregabilidade.

E o que mais o país precisa – e precisará a médio e longo prazo – são profissionais mais qualificados não só para ganhar competitividade na economia globalizada como também para sustentar o ritmo de crescimento econômico. Cria-se assim um ciclo virtuoso de desenvolvimento, geração de empregos, aumento de empregabilidade e da mobilidade social que retroalimenta os motores da economia: tudo o que o País mais precisará ante ao período de turbulência que se assoma no horizonte com a instabilidade da Europa e dos Estados Unidos.

(*) Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.

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