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Excesso ou falta de governo?

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 25/09/2013 08:44

Uma triste realidade do século 21: as vozes das ruas dizem que os governantes não são confiáveis. Há também os que, como o economista Arthur Seldon, dizem que o drama deste século é o excesso de governo e a sua interferência na vida econômica. Os grupos no poder se preocupam mais com a próxima eleição do que cumprir a sua tarefa de zeladores da nação e do patrimônio público, para o adequado manejo em prol da melhor qualidade de vida das gerações do presente e do futuro.

No entanto, há também a crença de que a democracia se tornou refém do poder econômico, estruturado para assegurar o domínio sobre as decisões fundamentais dos governantes. Nessa situação, administradores imediatistas e gananciosos passaram a se aproveitar dos cargos no governo para se locupletarem.

Assim, a população fica ao desamparo, tanto pelo excesso como pela falta de governo. As empresas fazem o que querem para assegurar a sua lucratividade, enquanto os consumidores impotentes têm de aceitar o que lhes é oferecido, seja a falta de espaço entre poltronas nos aviões, ou as péssimas condições na telefonia, ou a baixa qualidade dos produtos disponíveis.

Os problemas econômicos do Brasil têm sido o gasto excessivo e muitas vezes inútil do governo e a falta de interesse em aumentar a produção num país de baixa renda. Criou-se uma engrenagem perniciosa. Era mais vantajoso produzir pouco e aproveitar o preço mínimo da empresa marginal de custo mais elevado, e também obter o lucro na ciranda financeira. Com gastos elevados e produção limitada, qualquer aumento na renda gera mais demanda e inflação, e aumentem-se os juros para conter os preços.

Enquanto os operadores da finança global ficam especulando com os fluxos monetários, na economia real as coisas vão evoluindo, e pouco tem sido feito para a absorção e inclusão dos jovens que passam a compor o cenário demográfico atual. Como integrar esse contingente na vida útil e de progresso? A bem da paz, os especialistas precisam se debruçar sobre essa questão com sinceridade na busca de soluções.

O mundo adentra numa fase de grandes transformações. Os velhos remédios não surtem mais o efeito esperado, o que desorienta os especialistas e a população em geral. No mundo e no Brasil, vivemos uma fase de inquietação quanto ao futuro. Indispensável que haja conscientização e serenidade, pois em épocas de crise há uma tendência para medidas radicais decorrentes do medo e do pânico, cujos efeitos podem ser o oposto do desejado. Falta lucidez e, muitas vezes, coragem para fazer o que é certo.

Nem mesmo o FMI e profundos conhecedores da economia conseguiram, até agora, desenvolver um plano que traga o crescimento de volta a tantos países afundados em dívidas crescentes e com a economia estagnada. Precisamos de um projeto que promova o aumento da qualidade humana para alcançarmos desenvolvimento econômico de qualidade, em paz.

Há uma lei universal do equilíbrio. A natureza oferece tudo que necessitamos. Por cobiça de riqueza e poder não podemos causar penúrias a outros. Cada indivíduo tem de se movimentar para alcançar o que almeja. Henrique Meirelles, em seu artigo Genesis, publicado no jornal Folha de S. Paulo, relata o erro das autoridades americanas que adotam medidas destinadas ao favorecimento dos menos aquinhoados, e que foram mal utilizadas tanto pelos financistas, como pelos tomadores de empréstimos e deu no que deu: a crise financeira de 2008. Esperemos que não aconteça o mesmo fiasco entre nós no Brasil.

Quais foram as consequências da flexibilização monetária? A quem beneficiou ou prejudicou? Devido à ganância, o mercado sempre tende a especular e criar bolhas. O consumidor e os Estados ficam endividados com risco de inadimplência. A produção e o consumo não se estabilizam. Os empregos vão diminuindo. A natureza não é respeitada. Efetivamente, os humanos precisam promover um upgrade do capitalismo e do mercado.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado em economia e administração.

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