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Função social do estágio

Por Luiz Gonzaga Bertelli (*) | 09/02/2012 07:30

Já é sabido o valor do estágio para a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Mais de 60% dos estudantes que participam do treinamento prático nas empresas terminam sendo efetivados. Além da oportunidade aberta aos jovens para que se capacitem e adquiram experiência para seguir na carreira, as empresas também ganham ao formar seus próprios talentos, moldando os futuros colaboradores de acordo com suas diretrizes. Essa é uma alternativa importante numa época em que o mercado dá sinais da falta de mão de obra qualificada em muitos segmentos, inclusive os estratégicos.

Mas hoje o estágio é mais do que um preparo para o futuro profissional. A capacitação prática permite que muitos estudantes permaneçam nos bancos escolares, garantindo o pagamento dos estudos, ou mesmo que auxiliem no orçamento doméstico da casa. Uma pesquisa do CIEE, com 1,5 milhão de jovens cadastrados no banco de talentos da instituição, mostra que dois terços deles vêm de famílias que possuem rendimento menor ou igual a três salários mínimos.

Pegando como base a média da bolsa-auxílio (pagamento mensal feito ao estudante durante o treinamento prático), que fica entre 276 reais (para os estudantes do ensino médio que atuam em órgãos públicos com jornadas de 4 horas) e 610 reais (para os graduandos com jornada de seis horas), essa renda, para boa parte dos beneficiados, equivale a, pelo menos, um terço do orçamento da casa. Nesse aspecto, o estágio serve como um alicerce importante no resgate dos jovens que hoje estão na zona fronteiriça da vulnerabilidade social.

Mais preparados para enfrentar o mercado de trabalho e com o estímulo de ajudar a família nas despesas domésticas, os jovens se afastam da zona de risco, em especial os que vivem nas periferias, tornam-se responsáveis e adquirem uma postura profissional, melhorando as expressões verbais, o visual, a vestimenta e a própria autoestima.

O CIEE vem aumentando sua atuação em favor desse segmento da sociedade, pois acredita que o estágio também cumpre essa importante função social. Prova disso é a recente parceria firmada com a subprefeitura de Ermelino Matarazzo e a Paróquia São Francisco para a capacitação de estagiários e aprendizes na periferia da Zona Leste de São Paulo, área que compreende bairros com jovens em grande risco de vulnerabilidade social. A primeira, entre várias ações programadas, é a instalação de cursinhos pré-vestibulares com capacidade de atender gratuitamente 500 jovens.

(*) Luiz Gonzaga Bertelli é presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.

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