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Futuro ameaçado

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 22/06/2016 11:15

Esquecendo-se de sua essência, os humanos fizeram e desfizeram várias ações durante séculos, mantendo-se no controle de tudo; mas no século 20 as coisas desandaram e começaram a se evidenciar as consequências do descaso com a evolução. A crise de 2008 veio como bomba tão forte que assustou a equipe econômica que tinha seus projetos para controlar o país, mas não visualizou a extensão do drama que se abatia sobre o mundo. Estão ocorrendo simultaneamente a redução da produção, o aumento da capacidade ociosa, a retração do consumo, expansão da liquidez e aumento do volume de dinheiro. Toda a parafernália financeira dissociou-se da economia real. Uma complicada equação desafiando os economistas.

Se não houver estadistas sérios que entendam de finanças e que se empenhem pelo bem do Brasil, estarão fazendo o jogo do contra e o país poderá acabar. Por seus interesses imediatistas, o governo elevou os gastos sem pensar nas consequências tornando-se o principal tomador de empréstimos, ficando a mercê do mercado que impõe a taxa de juros que lhe convêm; o custo, porém, se distribui sobre toda a população. Com o crescimento da dívida, corta-se tudo.

O crédito jorrava, sem uma criteriosa seleção dos fins. Houve má fé. Mas agora vem um estúpido aperto geral. Alguns pequenos e médios empresários não têm suporte para adquirir máquinas e equipamentos, e a economia fica estagnada. Se os bons economistas sabem dos nefastos efeitos de juros elevados e dólar barato para a economia do Brasil, por que a classe política não olha para isso e cumpre o seu papel de zelador do país e sua população buscando as decisões mais adequadas?

A produção de bens requer liberdade e responsabilidade. Muitas pessoas acusam o capitalismo como a fonte das misérias, mas antes de surgir o capitalismo e outros sistemas econômicos, o homem já tinha se afastado do espiritual, dando mão livre ao seu egoísmo e suas cobiças. Então o problema real se situa no afastamento da espiritualidade, não no sistema criado posteriormente como consequência, que vai desequilibrando tudo. O equilíbrio poderá ser reconquistado unicamente com a busca sincera do saber real sobre o significado da vida.

A Internet surge como um bom instrumento de comunicação e aprendizado, no qual ainda encontramos muitas discussões destituídas de valor prático, mas esperemos que algum dia assuma a relevância da antiga praça - a “ágora” -, o ponto de encontro da modernidade, para que sejam examinados os temas magnos da existência humana: a origem da vida, de onde viemos, para onde vamos, a origem do mal.

Muitos jovens sem propósitos, sem saber o que querem, se deixam arrastar, ficam olhando a vida passar permitindo o avanço das bebidas fortes e dos entorpecentes. Lamentáveis situações que em vez de fortalecer as novas gerações, as fragilizam de corpo e alma, comprometendo o futuro próprio e o do país. Os seres humanos precisam se unir com a força de vontade voltada para o bem. A época não mais permite que os seres humanos permaneçam em berço esplêndido, no sono de chumbo.

Já passamos da hora de despertar para a vida real. Uma nova era de progresso requer uma nova escola que posicione os alunos em relação à vida, orientando-os para que alcancem o máximo do seu potencial; esse deve ser o alvo de todos, jovens ou pessoas com mais idade. A humanidade sadia se faz com seres despertos e com livros. Todos precisam ter o conhecimento da trajetória do ser humano na Terra e perceber, enfim, que nos deixamos envolver por teorias falsas e por superestímulos que invadem as mentes injetando medo e inquietação, e o que faremos para nos libertarmos.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, articulista e escritor.

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