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Globo se desculpa por ter apoiado o golpe militar de 64

Por Luiz Flávio Gomes (*) | 11/09/2013 09:21

Voz do povo nas ruas: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”. As Organizações Globo, se desculpando, dizem: “De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura” (Globo 1/9/13, p. 15).

“O apoio foi um erro; o reconhecimento do erro é necessário; reafirmamos nosso apego aos valores democráticos; a lembrança do apoio é um incômodo, mas não há como refutá-lo; o jornal O Globo apoiou a ditadura, ao lado de outros grandes jornais como Estadão, Folha, Jornal do Brasil, Correio da Manhã; o medo (na época) era de outro golpe, de João Goulart [Bush também invadiu o Iraque sob a justificativa de armas químicas que nunca foram achadas]; a divisão ideológica do mundo na Guerra Fria, comunistas e capitalistas, se reproduzia; o golpe era visto pelo jornal como a única alternativa para manter no Brasil uma democracia [democracia militar?];

“A intervenção militar seria passageira [durou 21 anos]; prometeram eleições para 1966, que não aconteceram [só ocorreram em 1989]; houve novo golpe dentro do golpe, com o AI-5; mas a revolução ‘foi uma exigência inelutável do povo brasileiro’; Roberto Marinho dizia que houve revolução, não golpe [porque ele não concordaria com nenhum golpe – hipocrisia extremada]; ele sempre esteve ao lado da legalidade [atos institucionais]; abrigou jornalistas de esquerda no jornal; acompanhava alguns nos depoimentos porque sabia que muitos desapareciam; aprendemos com os erros cometidos e nos enriquecemos ao reconhecê-los; o jornal fez o certo naquele momento, visando ao bem do país [sempre é o bem do próximo!]; hoje se sabe que foi um erro”.

Toda autocrítica é positiva, sobretudo quando acompanhada da reafirmação do valor da democracia. Mas ela não pode ser pela metade.

As organizações Globo se desculparam pelo apoio à ditadura (ao embate sanguinário, aos desaparecimentos, às torturas, às crueldades, que geraram crueldades opostas), mas resta se posicionar sobre seus favorecimentos, seu enriquecimento injusto, porque fundado em monopólio camuflado durante certo período, “seus favores especiais” vindos do governo, seu dumping confessado ao CADE, seus impostos não pagos em ilhas de paraíso fiscal, seus anos de ouro (enquanto outros enfrentavam anos de chumbo), o não apoio às diretas-já, a manipulação do debate que deu vitória para Collor em 1989, seus benefícios junto ao BNDES, seus privilégios parasitários da Casa-Grande etc.

As citadas organizações ainda devem muitas desculpas para o Brasil. E é importante que elas assim procedam, porque a reconstrução honesta e ética do nosso país vai depender muito da sua potência e do seu importante apoio. Ela também pode fazer muita coisa honesta em benefício do Brasil não parasitário que sonhamos!

(*) Luiz Flávio Gomes, jurista e coeditor do portal atualidades do direito.com.br.

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