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Há 95 anos...

Por Heitor Freire (*) | 09/06/2014 15:51

A colonização portuguesa nos proporcionou algumas instituições que se perpetuaram no tempo e no espaço e constituíram grandes avanços, embora a nossa tradição gozadora tenha o costume de tratar de forma jocosa os nossos irmãos portugueses.

Entre as instituições características do império marítimo português, e que ajudaram a manter unidas suas diversas colônias, havia o Senado da Câmara e as irmandades de caridade e confrarias laicas, das quais a mais importante era a Santa Casa da Misericórdia. A Câmara e a Misericórdia podem ser descritas como os pilares gêmeos da sociedade colonial portuguesa.

Os compromissos ou estatutos da Misericórdia variavam ligeiramente conforme o lugar e a época. A versão revista do compromisso de 1618, que foi aceita pela maioria das irmandades coloniais com poucas modificações, impunha que todos os membros deviam ser "homens de boa consciência e reputação, tementes a Deus, modestos, caridosos e humildes". Além disso, deviam possuir as seguintes qualificações, e, na falta delas, estavam sujeitos à expulsão ou à detenção imediata:

1. Não ter má reputação nas palavras, nas ações e na lei.

2. Ser de idade adulta conveniente e ter mais de 25 anos completos, no caso de homem solteiro.

3. Não ser suspeito de estar servindo à Misericórdia em troca de pagamento.

4. No caso de artesão ou comerciante, ser o mestre ou o dono do comércio, o responsável pela supervisão do trabalho de outros, em vez de executá-lo com as próprias mãos.

5. Ser inteligente e alfabetizado.

6. Ter situação suficientemente confortável para impedir qualquer tentação de desviar fundos da Misericórdia, e servi-la sem que isso lhe causasse nenhum embaraço financeiro.

Sem dúvida alguma, esses mesmos critérios foram adotados pelos fundadores da Associação Beneficente de Campo Grande, a nossa Santa Casa, no dia 3 de junho de 1919, completando, então, nesta oportunidade 95 anos de sua fundação. É quase um século de bons serviços prestados à nossa comunidade, com a consciência da responsabilidade que sempre foi o norte orientador dos associados da nossa Irmandade desde a sua fundação.

No último dia 17 de maio, fez um ano que a nossa Instituição foi devolvida, por decisão judicial aos seus verdadeiros donos: os associados da Associação Beneficente de Campo Grande. E neste período, muitas foram as inovações implantadas visando um melhor atendimento à nossa população.

A governança corporativa proporcionou uma visão administrativa mais eficiente, com maior participação dos associados por intermédio dos comitês setoriais. Um hospital tem características próprias; embora seja uma empresa, não se pode perder de vista a sua atividade fim: cuidar da saúde da população.

A melhora significativa no atendimento pode ser comprovada pelo aumento no grau de satisfação dos pacientes, resultado da implantação de novos procedimentos como a rede Cegonha, um programa do Ministério da Saúde para tratamento de gravidez de alto risco, e também o programa de estímulo ao parto normal.

O resgate do Plano de Saúde da Santa Casa, que está sendo totalmente reestruturado, é mais um fator que, temos certeza, vai merecer uma adesão maciça da população.

O comitê de renegociação das dívidas já saldou 40% do débito com fornecedores. Estão sendo renegociados diversos contratos, enfim,vida nova para a Santa Casa.

O nosso esforço e visão de futuro são dirigidos para que na comemoração do seu centenário, daqui a cinco anos, a comunidade de Campo Grande tenha resgatado o orgulho de haver construído e mantido o maior e melhor hospital da Capital.

(*) Heitor Freire, advogado e diretor secretário da Associação Beneficente de Campo Grande

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