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Harry, um nome a ser lembrado

Por Heitor Freire (*) | 15/10/2013 08:41

Neste 11 de outubro completaram-se 36 anos da criação do estado de Mato Grosso do Sul. Quando do anúncio da criação do novo estado, através da lei complementar nº 31, encaminhada ao Congresso Nacional pelo presidente Ernesto Geisel, o júbilo que a nossa população sentiu foi muito grande. Era uma aspiração quase secular, decorrente principalmente do descaso com que a maioria dos governos do então estado uno tratava a nossa região.

Devido a desentendimentos entre os nossos políticos da época, o presidente Geisel não encontrou consenso para nomear o primeiro governador. Assim, optou por um técnico de extrema competência, reconhecido pela sua atuação no Departamento Nacional de Obras e Saneamento da época: o engenheiro Harry Amorim Costa.

Harry de imediato aceitou o encargo e partiu para a formação da sua equipe de trabalho, formulando sem perda de tempo o projeto sistêmico que iria nortear todo o seu projeto de governo. Diga-se de passagem, até agora, ele foi o único governador que tinha um programa de governo. Os demais tiveram projetos políticos.

Como não era sul-mato-grossense, sofreu de imediato forte oposição dos políticos locais. Eu mesmo, na época, estudante universitário de direito, manifestei o meu desagrado com a escolha de um alienígena para governador do nosso nascente estado. Jovens...

Mas o dr. Harry não ficou tentando justificar a sua escolha: partiu para o trabalho. Com competência reconhecida em diversas atividades no trato da coisa pública – ele tinha um desempenho como gestor no qual 94,5% de aplicação efetiva dos recursos eram feitos diretamente nas obras públicas. Ou seja, com ele, o trabalho era feito de verdade.

O Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, por iniciativa de minha parte, vai publicar o livro Utopia x Realidade, de autoria do dr. Jardel Barcellos de Paula, que foi secretário de planejamento do governo Harry. No livro, dr. Jardel relata todo o processo de definição do programa de governo da época e como ele foi implementado.

Entre tantas iniciativas inéditas tomadas por dr. Harry o Diário Oficial na época publicava periodicamente o movimento de caixa do tesouro. Agora, por decisão do governador André Puccinelli, o governo estadual adotou postura idêntica àquela. A escolha do Parque dos Poderes como sede do complexo político-administrativo do estado, foi também iniciativa do dr. Harry. Aqui me redimo de uma informação veiculada no meu artigo Homens do Verde, quando atribui essa decisão ao governador Pedrossian. Este teve a iniciativa de implantá-lo uma vez que o dr. Harry teve o propósito impedido pela sua demissão (por pressão insuportável dos políticos locais que, antes se digladiavam pelo poder, e então se uniram para derrubá-lo).

Depois da sua demissão o dr. Harry aqui permaneceu demonstrando assim o seu amor pela nossa terra. Foi eleito deputado federal, sendo depois secretário do meio-ambiente no governo Wilson Martins. Mas teve ainda frustrada a sua intenção de administrar Campo Grande. Sua candidatura a prefeito foi implodida pelos seus companheiros do PMDB. Caso saísse candidato seria eleito sem dúvida nenhuma e toda a história recente do nosso estado seria outra.

Conversando outro dia com o dr. João Pereira da Rosa, este me dizia que, como assessor próximo do dr. Harry, contatava os prefeitos para alocação e pagamento das verbas administrativas. Quando eles chegavam ao seu gabinete e recebiam o cheque correspondente, ficavam muito surpresos e alegres, dizendo que não acreditavam, porque era a primeira vez que, chamados por um governador, voltavam de bolsos cheios. Prática que continuou por todo o seu breve governo.

Nada mais justo que nesta oportunidade se resgate a sua história. Ela além de muito bonita, tem condições de inspirar iniciativas concretas no presente e futuro do nosso estado.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis, advogado e jornalista.

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