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Holocausto palestino

Por Semy Ferraz (*) | 18/07/2014 09:01

Nos últimos dias, a imprensa tem mostrado imagens dramáticas de civis em meio a escombros em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental que lembram os bombardeios da guerra contra o Iraque, há quase dez anos. As versões mudam de acordo com o canal ou o meio de comunicação, mas os fatos, ou melhor, as imagens falam por si mesmas: a desproporcional superioridade das forças armadas de Israel, que dispõe da mesma tecnologia dos Estados Unidos e da Inglaterra, seus principais aliados.

Curiosamente, apesar da gravidade do conflito, que se arrasta há mais de 60 anos, desde a criação do Estado de Israel, em 1948, e o êxodo dos palestinos pelo mundo, a ONU (Organização das Nações Unidas) quase nada tem feito, lembrando que foi ela a responsável pela partilha da Palestina em 1947, por apenas um voto – mas sem nunca ter consultado os habitantes da região se eram ou não favoráveis para tanto.

Depois do desmoronamento da extinta União Soviética, os Estados Unidos assumiram uma posição de juízes e policiais do mundo, ignorando a existência de organismos multilaterais (ONU, Corte de Haia etc) e as respectivas convenções, como a de Genebra, que estabelece limites humanitários até para as guerras.

Em nome da luta contra o que eles chamam de “terrorismo” (como sempre rotulam os seus inimigos ou desafetos) ou até de “eixo do mal” (como o ex-presidente Bush chamou o Irã, Coreia do Norte e Cuba), vem promovendo guerras absurdas, invadindo a soberania de países mais antigos que os deles, destroem toda a infraestrutura que só vai atingir a vida das pessoas comuns, os civis, inofensivos e inocentes (geralmente, idosos, crianças e mulheres).

O Brasil, que tem mantido uma política internacional independente, de respeito à autodeterminação dos povos desde antes do golpe de 1964, com o Presidente Lula e agora com a Presidenta Dilma tem chamado a atenção dos líderes mundiais sobre a omissão dos organismos internacionais.

Ninguém esquece a comitiva de parlamentares brasileiros (dois dos quais do Partido dos Trabalhadores) à Palestina Ocupada em 1983 para verificar as condições de vida dos sobreviventes do tristemente conhecido Massacre de Sabra e Chatila (ocorrido em setembro de 1982), quando tropas israelenses sob o comando de Ariel Sharon deram carta-branca a um grupo paramilitar libanês para exterminar os moradores desses dois campos de refugiados palestinos de Beirute, Líbano.

Apesar de a grande imprensa não ter dado o devido destaque, durante o Encontro de Cúpula dos Países em Desenvolvimento (que a imprensa apelidou de BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) realizado nesta semana em Brasília, os chefes de Estado divulgaram um documento em que advertem as potências ocidentais para o perigo da escalada da violência militar orquestrada pelos países que integram a OTAN (Organização do Tratado dos Países do Atlântico Norte).

No entanto, como o silêncio é explícito e a proteção que fazem a Israel é incondicional, cabe a todas as pessoas que têm um mínimo de sensibilidade humana o direito à indignação, mobilizando-nos e fazendo, inclusive pela Internet, notas ou mensagens aos dirigentes dos países mais influentes do mundo para que façam algo, parem a escalada da violência e se empenhem numa solução definitiva e justa, de modo a assegurar ao povo palestino o direito de retornar ao seu território, de acordo com as resoluções da própria ONU, posição defendida pelo Brasil desde 1973.

O Brasil, aliás, é testemunha de que é possível se chegar à paz. Basta ver que em nosso País árabes e judeus de todas as nacionalidades convivem pacificamente, muitas vezes dividindo parcerias em atividades comerciais ou financeiras. Independentemente das posições ideológicas de cada um de nós, é um dever lutarmos pela paz, mas não a paz dos túmulos como as potências vêm fazendo no Oriente Médio.

Temos que ter coragem para exigir uma paz justa, dentro das convenções feitas nas últimas décadas, para não ver repetido o Holocausto, desta vez com os Palestinos, habitantes da Terra Santa desde os tempos em que Jesus de Nazaré trouxe a mensagem de amor ao próximo.

(*) Semy Alves Ferraz é engenheiro civil e atual secretário de Infraestrutura, Transportes e Habitação de Campo Grande.

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