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Horas decisivas

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 08/03/2016 16:07

Na tormenta. É exatamente como o mundo está vivendo agora. O grande problema da humanidade se resume ao fato de que enquanto não encarar a realidade espiritual e a transitoriedade da vida, sempre haverá toupeiras que querem tirar proveito de tudo para si, em qualquer que seja o sistema econômico.

Com o avanço da tecnologia do dinheiro e a ausência de alvos elevados, criou-se um sistema em que o dinheiro se sobrepõe a tudo o mais, gerando tormentas e perversos mecanismos que atingem pesadamente a humanidade em sua indolência. Acumular riqueza tem a sua importância, mas também pesa muito na balança do poder; no entanto, ao ser guindada como prioridade maior, acabou gerando um mundo inóspito e desumano, onde a vida perdeu seu significado e valor.

Tudo que está acontecendo é consequência da política ou da economia? Houve falta de percepção sobre o que aconteceria no futuro quando a China passou a exportar produtos baratos. O pêndulo da economia foi para o lado dela, desarrumando o restante. A economia deveria ser mantida em equilíbrio entre os povos, entre produção e comércio.

Financistas não atentaram para isso. Como resultado, temos o grande acúmulo de dinheiro e de dívidas, inviabilização da indústria, desemprego, salários desanimadores, baixo consumo. E não é fácil sair disso sem ampliar os desequilíbrios. O Brasil se encostou no artifício cambial, mas não consolidou a estabilidade monetária. O resultado está aí: com o realismo do câmbio, as fragilidades apareceram. A política deixou de ser exercida por estadistas atentos e responsáveis para não gerar problemas futuros.

A vida econômica tem se baseado no artificialismo geral e no imediatismo de políticos e empresas, visando ganhos no curto prazo, quando, ao contrário, deveria seguir seu curso em liberdade, pois no longo prazo a interferência governamental acaba sendo nociva. É preciso haver um consenso entre governo, empresas e população para que se estabeleça um objetivo factível com a participação de todos. Com o despreparo e indolência da população, ela passa a ser manipulada para atender interesses e se deixa levar.

Os políticos olham para a próxima eleição, as empresas para o lucro imediato, as pessoas se deixam enganar, esquecendo que o progresso é fruto do trabalho persistente.

Tudo fugiu da naturalidade. Aí fica difícil para os economistas explicarem por que tudo perde a consistência e tende ao desmoronamento. Os humanos deveriam conviver em paz e progresso, cumprindo sua tarefa de valorizar a vida e melhorar as condições gerais no planeta e a qualidade humana. Em vez disso, querem ser donos e ficam brigando para ver quem manda mais.

O colonialismo criou o ambiente propício aos caudilhos que foram ao encontro dos anseios da população explorada, mas em vez de agir com sincera vontade de ajudar, deram espaço ao desejo de sobressair e dominar. Enfrentamos tantos problemas surgidos como consequência da forma irresponsável de agir das pessoas, mas tudo é varrido para debaixo do tapete, prevalecendo os interesses particulares.

Evo Morales cansou seus eleitores, enquanto nos EUA desponta Trump, enigmático. O que virá para o mundo? Há uma carência de líderes estadistas voltados para o progresso humano, comandantes aptos a enfrentar as horas decisivas da tormenta que se intensifica pelo mundo.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP e associado ao Rotary Club de São Paulo; realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida.

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