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Jogo bruto de Dilma e Padilha contra os médicos

Por Ruy Sant’Anna (*) | 04/07/2013 09:20

A brasileira e o brasileiro são pessoas fortes, persistentes, mas vibrantes e emocionais. Sobretudo, observa-se que não são egoístas e lutam por bandeiras de gente com outros problemas que não apenas os seus. Nessa hora as diferentes reclamações tornam-se uma só, na identidade nacional.

Por isso as perguntas como seria possível controlar a emoção de quem vai para as ruas protestar, lutar por mais investimentos em saúde, educação, segurança, enquanto o governo gasta absurdos com estádios de futebol faraônicos, até com transferência do Maracanã para particular?

Isso acontece enquanto pessoas morrem à míngua sem atendimento nos hospitais públicos. Enquanto o ensino público desanda e é necessário o universitário de medicina pagar por uma formação acadêmica que não é valorizada pelo governo federal, e que lhe paga pelo SUS quantias aviltante pelos procedimentos cirúrgicos.

Seria possível controlar a emoção de quem vai para as ruas lutar contra o aumento nas passagens de ônibus, porque não vai mais conseguir pagar o transporte público para ir e vir ao trabalho, à escola e às atividades de lazer? Como não demonstrar indignação quando as pessoas que dependem de ônibus e devido a constantes atrasos elas vivem na ameaça diária de perder o emprego?

Enquanto o Governo Federal concede isenções absurdas para a indústria automobilística privilegiando o transporte individual e penalizando o transporte coletivo? Ou punindo a indústria de produtos hospitalares com pesados impostos, enquanto para agravar a situação, dificulta a importação de modernos e atuais aparelhos que facilitariam o atendimento mais rápido e eficaz de pacientes?

Seria possível controlar a emoção de famílias inteiras, mais parentes e amigos de jovens ou de não tão jovens que se sacrificam, investem o que tem e o que não tem, torcem e rezam para que os acadêmicos de medicina concluam seus estudos, estágios e extensão de curso? Como explicar a injustiça dos que sentem que a espada do governo carrasco, prefere beneficiar médicos estrangeiros em prejuízo de brasileiros, cortando-os do atendimento às cidades do interior?

Dá para esconder a emoção dos milhares de médicos brasileiros que sabem que o governo federal os está trocando por uma falsa solução? Dá para entender o porquê de tanto privilégio aos “importados” que não passarão pela revalidação profissional, através de exame específico e irão para o interior? Como admitir essa grotesca e criminosa intenção do governo federal, se na ponta desse problema tem vidas humanas que gemem de dor e pedem cura; enquanto o que está disponível são postos de saúde com pouca ou nenhuma condição para atendimento médico e nem ambulatorial; com falta de esparadrapo e linha de sutura, etc.?

Em sã consciência, é possível os médicos conterem a emoção ao saberem que, por mais que o prefeito queira socorrer a população de seu município que merece o melhor atendimento médico e de enfermagem, não poderá contratá-los, por não ter condição financeira? E se o fizer não poderá honrar o compromisso?

Mas, o governo federal está prometendo o mundo e o fundo para os “importados” sem nem informar como conseguirá manter esses profissionais, descompromissados com as leis brasileiras, no interior.

Dá para a classe de profissionais médicos brasileiros ser destratada na cara do mundo inteiro, pelo governo federal de seu país, assim, impunemente? Sem, se quer tentar ou analisar a criação da carreira médica federal nos quadros do SUS?

Mas, os médicos “importados”, que não comprovarão suas competências e eficácias profissionais poderão ir para o interior brasileiro, em situação privilegiada.

Entre tantos desmandos que são ignorados, premeditadamente, pelo governo, daria para controlar a emoção e/ou sobressalto de quem vai às ruas defender a honestidade para os negócios com o dinheiro público, enquanto o governo federal equipara-se aos vândalos e saqueadores contra os interesses do povo?

Como tratar quem se insurge contra a gente brasileira, de olho torto nas próximas eleições? Que assim pretende reeleger-se presidente da República e quer “fazer” governador de São Paulo, seu ministro da Saúde, a qualquer preço? Mesmo pisando na lei para proteger o vândalo “importado”? O povo brasileiro merece esse brutal tratamento, que no fim atinge diretamente toda a população?

A presidente Dilma e o ministro Padilha, voltados para a eleição de 2014, querem sacrificar ainda mais os médicos como se eles fossem responsáveis pela inoperância do desgoverno. Pela falta de medicamentos e investimentos em materiais hospitalares, por exemplo.

O ministro Padilha, por outro lado, propõe um edital de chamamento com uma avaliação de três semanas já no Brasil. Isso é ou não é uma armação? Três semanas, para médicos que têm responsabilidades nas localidades onde residem? Que têm família com filhos estudando? Que têm pais que dependem desses filhos médicos? Dilma e seu palaciano Padilha não querem responsabilidades, por isso as propostas, no mínimo absurdas!

O governo continua obscuro em suas promessas, aos médicos nacionais, enquanto brutaliza ações contra os brasileiros.

No seu jogo bruto tenta mais uma vez colocar os médicos brasileiros na parede. Diz que abrirá chance de os brasileiros se “candidatarem” a irem para o interior do país, e que caso isso não seja conseguido privilegiará os “importados”.

Por que a presidente não age limpo com os médicos brasileiros? Por que não anuncia suas exigências aos médicos? Por que não disse por quanto tempo pretende manter o contrato com os médicos brasileiros no interior? Por que não diz como ficarão os médicos que forem contratados, ao término desse prazo?

Por que esse sentimento tão cruel e mal disfarçado contra os médicos brasileiros?

Enquanto os fatos desenrolam-se, às claras para os “importados” e na escuridão com os brasileiros, a reclamação, a emoção e a injustiça gritam nas ruas, numa só voz. A população vai às ruas e junto os médicos que sonham com um país engrandecido e sua gente respeitada em seus direitos, numa verdadeira Nação de Gigantes. Nessa convicção uno-me e lhes dou bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna é jornalista e advogado.

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