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Keynes: o que diria o economista sobre o mundo de hoje?

Por Dane Avanzi (*) | 29/01/2014 08:48

O economista britânico John Maynard Keynes, considerado por muitos o pai da macroeconomia, foi um dos pensadores mais influentes do século passado. Autor do livro "Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda", publicado em 1936, logo após a depressão de 1929, Keynes ficaria assombrado com a situação financeira mundial dos dias modernos. Ele, que enxergava a economia pela ótica do emprego e sustentava que o mercado financeiro jamais poderia ir além de ser uma ferramenta da economia real, se estarreceria com a inversão do modelo que vivemos hoje.

Decorrido quase um século da publicação que influenciou governos e empresas em todo mundo no século XX, o livro de Keynes ainda é um alerta sobre o papel e os limites do mercado financeiro em um mundo globalizado, em que a projeção de boas ideias pode ser sinônimo de bons negócios, ou não. No modelo de Keynes, o mercado financeiro deveria ser responsável pelo fomento da produção de bens, sendo estes bens tanto quanto mais valiosos na exata medida de sua capacidade de beneficiar ou facilitar a vida de seus consumidores, posto que habitamos nesse mundo não só poeticamente, mas também prosaicamente.

Baseado nesse conceito, em sendo o emprego o princípio basilar da economia, Keynes sugeria que a estabilidade da economia dependeria, entre outros fatores, de políticas capazes de garantir o pleno emprego, pois em havendo renda, as famílias teriam garantido o acesso aos bens de consumo ofertados pela indústria, que continuariam a remunerar seus investidores e, também, a pagar salários. Essa teoria ajudou muitos países a reconstruírem suas economias no período pós-segunda guerra mundial por meio de políticas intervencionistas que conseguiram reativar a atividade financeira e econômica em momentos de crise.

O que diria Keynes se pudesse analisar a economia mundial de hoje? A crise financeira dos EUA (e no mundo) iniciada em setembro de 2008 com a quebra do Lehmans Brothers. A crise do Euro que assola a Europa, com países como a Espanha com taxa de desemprego de 30%. O impacto negativo da tecnologia sobre a economia mundial, que ocasiona a redução acentuada de postos de trabalho por conta da informatização em tantos ramos da economia.

Que conselho daria às empresas de tecnologia e aos governos? Ele que viveu num período conturbado de crise financeira (depressão de 1929), onde a saída foi um conjunto de medidas chamado "New Deal" (espécie de Pacto Social). Ouso pensar que a principal recomendação seria: não percam a credibilidade. Vivemos em um mundo republicano, onde a virtude é o cerne de todas as instituições públicas e privadas. Eis aqui o amálgama que dá coesão a todos os players do jogo e ao jogo em si. A receita é simples. Cumpram o que prometeram. Entreguem o que foi vendido. Não enganem o consumidor, pois é ele quem de fato financia todo o sistema.

(*) Dane Avanzi é advogado, empresário do setor de engenharia civil, elétrica e de telecomunicações. É diretor superintendente do Instituto Avanzi, ONG de defesa dos direitos do consumidor de telecomunicações e vice-presidente da Aerbras - Associação das Empresas de Radiocomunicação do Brasil.

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