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Leitura e sentido: Mudanças na prática pedagógica

Por Silvio Profirio da Silva (*) | 03/08/2012 16:01

Nos últimos anos, os debates acerca do ensino da leitura ampliaram-se de maneira considerável. Essas discussões têm início nos 80, em face da proliferação dos estudos de diversos campos de investigação. Albuquerque (2006) e Albuquerque et al (2008) ressaltam o fato de uma gama de campos do saber terem produzido uma vasta quantidade de fundamentos teóricos, quer respaldam uma nova prática pedagógica. São exemplos dessas àreas de investigação: as Ciências da Educação [Pedagogia], as Ciências da Linguagem [Linguística], Ciências Psicológicas [Psicologia, Psicologia Cognitiva, Psicologia da Aprendizagem, Psicologia do Desenvolvimento, Psicolinguística etc.] (ALBUQUERQUE, 2006). Todos esses postulados trazem à tona novos fundamentos, que levam para o âmbito educacional uma nova didática da escolarização do leitor.

Koch (2002) e koch & Elias (2006) sinalizam a eclosão de uma nova concepção de leitura enquanto construção/ atribuição de sentido, resultante da articulação entre autor-texto-leitor, como também da junção de aspectos cognitivos, linguísticos, discursivos e sociais (BENTES, 2004; KOCH, 2002; KOCH & ELIAS, 2006). Destaca-se, ainda, a proliferação das discussões concernentes aos Gêneros Textuais, à Diversidade Textual, às Estratégias de Leitura etc.. Rompe-se, assim, com tendências mecanicistas e tecnicistas.

Nos últimos dez anos, muito tem se falado acerca da temática das estratégias e habilidades de leitura. Uma vasta quantidade de autores tem voltado seu olhar para esse tema, ocasionando, assim, uma ampla discussão.

A Matriz de Competências do SAEB traz algumas dessas hablidades de leitura: A) Identificar a Idéia Central de um texto,

B) Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto,

C) Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto,

D) Inferir o sentido de uma palavra ou expressão, E) Estabelecer Relação entre Textos,

F) Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que eles foram produzidos e daquelas em que serão recebidos,

G) Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema,

H) Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros,

I) Interpretar texto com o auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, fotos, etc.),

J) Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto,

K) Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

Todas essas habilidades de leitura têm se refletido nos Livros Didáticos de Língua Portuguesa [LDLP] e nas avaliações, que aferem a proficiência em leitura dos discentes brasileiros, tais como: Enade, Enem, Prova Brasil, Provinha Brasil, Saeb etc. . Destaca-se, sobretudo, o fato de essas habilidades de leitura evidenciarem uma concepção de leitura de cunho sociointeracionista.

Percebe-se, desse modo, que a prática pedagógica do ensino da leitura caminhou de uma postura de identificação/ extração de mensagens - Leitura como Decodificação - para uma perspectiva de produção/ elaboração de sentido, marcada pela presença de uma gama de tipos de leitura, de atividades, de habilidades/ estratégias de leitura, da diversidade textual etc.. Essa nova perspectiva evidencia uma postura pragmático-enunciativa da leitura, através da qual se focaliza os inúmeros movimentos linguístico-discursivos presentes no texto (KOCH, 1999).

Referências

ALBUQUERQUE, E. B. C. . Mudanças didáticas e pedagógicas no ensino da língua portuguesa: apropriações de professores. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

BRASIL. Matriz de Competências do SAEB/ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP.

KOCH, I. G. V. ; ELIAS, V. M. . Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.

KOCH, I. G. V. . Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.

_____. O desenvolvimento da Lingüística Textual no Brasil. DELTA. Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, SP, v. 15, n. Especial, p. 167-182, 1999.

(*0Silvio Profirio da Silva Graduando em Letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. E-mail: silvio_profirio@yahoo.com.br

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