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Mãe: o esteio da família dentro da Empresa Familiar

Rodrigo Pagani (*) | 07/05/2016 09:00

As empresas familiares de primeira geração, normalmente, têm como característica principal a presença ativa dos fundadores, isto é, dos pais. Além deles, por vezes, estão os filhos, cada um com atributos bem singulares. Independente da origem, as empresas familiares possuem traços marcantes, resultado das figuras que a compõem, e essas características específicas, na maioria das vezes, se destacam aos olhos de todos, mesmo daqueles que não estão diretamente ligados ao negócio, despertando, inclusive, o interesse de estudiosos do assunto.

Nesse contexto, repleto de personagens, é comum falarmos do pai tomador de decisão, timoneiro, por vezes indeciso, em apuros, mas, sobretudo, vencedor. Do filho destemido, audacioso, inexperiente, dos irmãos concorrentes, ciumentos, parceiros e da irmã repleta de conhecimentos, porém imatura. No entanto, é preciso que se atente para uma figura que, na maioria das vezes, é a real protagonista na empresa familiar: a mãe.

Muitas vezes ela é sobreposta pela sombra do pai que conduz, diretamente, os negócios da família. Porém, o papel que a mãe exerce é fundamental na manutenção dos relacionamentos e na administração dos conflitos e emoções que circundam a família. Aliás, é no contexto familiar que a capacidade de gestão da matriarca mais se destaca e chama a atenção.

Mesmo que o ambiente dos negócios seja propício para desavenças, manter os membros da família unidos é de extrema importância para a continuidade dos negócios, sendo este um dos maiores desafios de uma família empresária. Nesse sentido, a mãe é essencial, uma pacificadora nata, alguém que, muitas vezes, tenta criar mecanismos para que a família se mantenha intacta, sem ser influenciada pelos problemas da empresa.

Trata-se de uma pessoa que provavelmente já passou por diversas experiências, entre elas, discussões entre o marido e os filhos, eventuais embates entre irmãos dentro de uma sala de reuniões e, até mesmo, ver sua casa se tornar uma extensão da empresa. Todos esses dilemas, além de outros tantos, acabam inviabilizando os prováveis, e bem planejados, encontros de família, em jantares ou almoços de domingo. Mas, ainda assim, ela permanece firme no objetivo de manter a família unida.

Além de harmonizadora, a mãe também é mestre na arte de ouvir, dando voz a todos os lados. É acolhedora, sabendo abraçar como poucos e consolar sem fazer distinção. E, por vezes, combativa, enfrentando eventualmente o pai para proteger os filhos. Mas afinal, o que a mãe deve fazer para preservar a família, salvar o negócio e permitir que a harmonia familiar se perpetue?

Para responder essa pergunta é preciso assumir momentaneamente o papel materno e fazer novos questionamentos:
- Será que meus filhos querem mesmo participar da empresa da família?
- Devo participar mais ativamente do negócio da família?
- O que fazer para ser escutada por todos?
- Como vivenciar embates entre meu esposo e meus filhos, em uma sala de reuniões, e não ficar abalada emocionalmente?
- Como aceitar que meus filhos não se cumprimentem dentro da empresa?
- Tenho conhecimento suficiente para opinar e contribuir positivamente nos negócios?
- Será que meu papel não é cuidar dos netos?

E, por fim, o que devo fazer para que os encontros de família, tão bem planejados, não se resumam a conversas e discussões sobre os negócios?

As respostas para esses questionamentos obviamente não são simples, mas revelam a importância significativa da progenitora neste cenário repleto de emoções e dilemas, que é o mundo dos negócios, em especial os familiares.

Indiscutivelmente, a mãe é o elo mais forte entre o pai e os filhos e quem preserva os laços da intensa odisseia da empresa familiar. A atitude dela, em querer assumir um papel de protagonismo dentro da estrutura, reflete diretamente na família e na empresa, através da preservação dos vínculos e da manutenção do negócio. Ela é indispensável no processo de continuidade da empresa, afinal, também é fundadora, possui influência, admiração e respeito dentro do grupo familiar e, sem dúvidas, está apta a transitar entre todos os ambientes deste cenário.

Para nós da Safras & Cifras, que há 26 anos acompanhamos empresas familiares rurais nos mais diversos momentos, todos os membros do grupo têm extrema importância no negócio, mas são as mães que, na maioria das vezes, conseguem visualizar a necessidade de buscar uma consultoria especializada para auxilia-las na busca de respostas e assessora-las no objetivo maior: tratar a família como família e o negócio como negócio, mantendo os familiares unidos e a empresa saudável.

(*) Graduado em Direito e Pós-Graduando em Direito de Família Contemporâneo e Mediação

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